O Ministério das Relações Exteriores negou, neste sábado (19), que o Departamento de Estado dos Estados Unidos tenha se recusado a atender a embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti, em meio à crise provocada pelo tarifaço anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump.

De acordo com apuração da CNN Brasil, a diplomata brasileira teria procurado interlocutores da gestão norte-americana após a revogação dos vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda segundo a emissora, a resposta recebida por Viotti teria sido: “too late” (“tarde demais”, em tradução livre), sugerindo insatisfação com a suposta falta de iniciativa do Brasil para estabelecer canais diplomáticos desde o início do ano.

O Itamaraty, no entanto, afirmou que não há dificuldades de interlocução com os escalões técnicos e intermediários do Departamento de Estado. Já em relação ao Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR), responsável pelas negociações comerciais, o governo brasileiro informou que o órgão aguarda orientações da Casa Branca sobre como conduzir o diálogo com o Brasil.

Na última quinta-feira (17), o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que, “dadas as circunstâncias”, uma conversa direta entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump não está descartada. Os dois, no entanto, nunca se reuniram desde que se tornaram chefes de Estado.

Trump iniciou seu segundo mandato como presidente dos EUA em janeiro deste ano. Durante as eleições americanas de 2024, Lula declarou apoio à candidatura da democrata Kamala Harris, então vice de Joe Biden, derrotada por Trump no pleito.

Também não houve, até o momento, contato direto entre o chanceler Mauro Vieira e o atual secretário de Estado dos EUA, o senador Marco Rubio. Foi Rubio quem anunciou, recentemente, a cassação dos vistos de ministros do STF, aprofundando a tensão diplomática entre os dois países.

Apesar de conduzir o diálogo político entre os governos, o Departamento de Estado não participa diretamente das negociações comerciais, que seguem sob responsabilidade do USTR. A taxação de 50% sobre produtos brasileiros anunciada por Trump entra em vigor em 1º de agosto.