Segundo especialistas, medidas do judiciário brasileiro voltadas à regulamentação das Big Techs no país podem ter sido decisivas para o aumento de 50% nas taxas de produtos brasileiros importados pelos  Estados Unidos. Para eles, decisões de Donald Trump foram baseadas também pelo tema.

A professora de relações internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Camila Vidal, avalia que as decisões tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra as empresas de tecnologia norte-americanas podem ter influenciado na medida estadunidense.

“Os Estados Unidos são uma economia cada vez mais centrada nos serviços e as big techs têm um papel essencial nesse setor. São as big techs que hoje mantêm a liderança econômica dos Estados Unidos. Portanto, existe um receio de efeito dominó a partir do exemplo que o Brasil pode dar para outros países, no sentido de limitar, de alguma maneira, a atuação dessas big techs”, declarou a professora.

Na carta endereçada ao governo brasileiro, Donald Trump chegou a citar o tema. No texto, o líder estadunidense afirma que o país passa por “ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas” e alega uma suposta “censura” contra plataformas de redes sociais dos Estados Unidos. “Ameaçam com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado de mídia social brasileiro”, completou Trump, em carta publicada na rede social Truth Social.

Para o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Luiz Carlos Delorme Prado, a pressão das big techs teve papel importante na decisão.

“Isso é um processo que está em andamento não apenas no Brasil, mas a União Europeia (UE) já estabeleceu vários mecanismos de regulação da atividade desse grupo de grandes empresas de tecnologia. Esse processo é inevitável e está em andamento no Brasil não apenas por razões econômicas, mas também por razões não econômicas”, afirmou Luiz.

Ainda, analistas afirmam que tarifaço serve como chantagem política dos EUA contra o Brasil, não só para o caso das bigtechs, mas também contra as ações dos Brics e até mesmo na tentativa de interferir no processo judicial e político interno envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e o julgamento da trama golpista no STF.