SUS inclui vacina ACWY no calendário infantil contra meningite
Nova dose de reforço aos 12 meses amplia proteção contra quatro tipos da bactéria Neisseria meningitidis
Por: Lorena Bomfim
07/07/2025 • 11:49
O Sistema Único de Saúde (SUS) atualizou o calendário de vacinação infantil contra a meningite. Desde a última terça-feira (1º), a vacina meningocócica ACWY passou a ser aplicada como dose de reforço aos 12 meses de idade, substituindo a versão anterior, que protegia apenas contra o sorogrupo C. A mudança amplia a cobertura para quatro tipos da bactéria Neisseria meningitidis: A, C, W e Y.
A medida foi oficializada pelo Ministério da Saúde diante do aumento dos casos da doença no Brasil. Em 2025, já foram registrados mais de 4 mil casos de meningite, sendo as formas bacterianas — as mais graves — responsáveis por quase metade das notificações.
Novo esquema vacinal contra meningite
Com a atualização, o calendário oficial passa a ser o seguinte:
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3 e 5 meses: duas doses da vacina meningocócica C (conjugada);
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12 meses: reforço com a vacina meningocócica ACWY;
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11 a 14 anos: dose única ou reforço com a vacina ACWY, dependendo do histórico vacinal.
Crianças que já receberam o reforço com a vacina C não precisam se vacinar novamente com a ACWY neste momento. Já aquelas que ainda não tomaram a dose aos 12 meses devem receber diretamente a nova vacina quadrivalente.
Sobre a vacina meningocócica ACWY
A vacina ACWY é do tipo inativada, ou seja, não contém micro-organismos vivos e não provoca a doença. Sua aplicação é feita por via intramuscular profunda.
A única contraindicação formal, segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), é para pessoas com histórico de anafilaxia a componentes da vacina ou a uma dose anterior.
Possíveis reações e orientações
Embora considerada segura, a vacina pode causar efeitos colaterais leves e temporários. Entre os mais comuns estão dor e vermelhidão no local da aplicação, febre, irritabilidade e cansaço. A SBIm recomenda:
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Adiar a vacinação em caso de febre;
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Usar compressas frias em caso de dor local;
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Procurar orientação médica antes do uso de analgésicos;
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Notificar a unidade de saúde em caso de sintomas persistentes após 72 horas.
Casos de meningite preocupam autoridades
A mudança na política de vacinação ocorre em meio a um cenário de alerta. Segundo dados do Ministério da Saúde, até junho de 2025 o país registrou 4.406 casos de meningite. Desses, 1.731 foram do tipo bacteriano, 1.584 viral e 1.091 de outras causas ou sem especificação.
Na Bahia, foram notificados 49 casos até maio, com seis mortes confirmadas. Apesar da redução em relação a 2024 — ano em que o estado registrou 446 casos e 24 óbitos —, especialistas alertam para a subnotificação e as dificuldades no diagnóstico precoce, principalmente em crianças pequenas.
Entenda a doença
A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Pode ter origem infecciosa (causada por bactérias, vírus, fungos ou parasitas) ou não infecciosa (decorrente de câncer, lúpus, reações a medicamentos ou traumas).
A forma bacteriana costuma ser mais frequente no outono e inverno, enquanto a viral predomina na primavera e verão.
Imunização é fundamental
O Ministério da Saúde reforça que a vacinação desde os primeiros meses de vida é essencial para prevenir surtos e proteger grupos vulneráveis. A inclusão da vacina ACWY no calendário infantil representa um avanço na prevenção da meningite, ampliando a proteção contra sorogrupos que antes não eram cobertos pelo reforço oferecido pelo SUS.