SRAG mantém alta entre crianças e idosos apesar de queda em parte do país
Fiocruz alerta para impacto do VSR em crianças e da influenza A entre idosos nas hospitalizações
Por: Layra Mercês
19/07/2025 • 09:56
Apesar da leve tendência de queda ou estabilidade nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em boa parte do Brasil, o cenário ainda inspira atenção, sobretudo entre crianças pequenas e idosos. É o que mostra o novo boletim InfoGripe, divulgado nesta quinta-feira (17) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Segundo o levantamento, a maioria das internações e mortes por SRAG segue concentrada nesses dois grupos, impulsionada principalmente pelo vírus sincicial respiratório (VSR) entre os menores de cinco anos e pela influenza A entre os mais velhos.
Avanço do VSR pressiona setor pediátrico
O VSR continua sendo o principal agente infeccioso associado aos quadros graves de SRAG em crianças. Em menor escala, rinovírus e influenza A também contribuem para as internações infantis. Embora haja sinais de queda no VSR em estados como Piauí, Tocantins e Distrito Federal, o nível de circulação do vírus segue elevado na maior parte do país.
Em Roraima, por exemplo, os dados apontam crescimento constante de SRAG entre crianças, diretamente ligado ao avanço do VSR. Alagoas também apresentou indicativos de aumento recente.
Influenza A lidera entre idosos e levanta preocupação
Entre a população idosa, a influenza A permanece como a principal causa de hospitalizações e mortes por SRAG. Estados como Minas Gerais e Pará têm apresentado aumento nas notificações, ainda sem definição precisa sobre o vírus causador.
No Rio de Janeiro, há registros de crescimento leve de casos associados à Covid-19 entre os idosos. Embora ainda sob controle, o dado acende o alerta para a importância da vacinação, especialmente entre pessoas imunossuprimidas ou com mais de 60 anos.
Situação regional revela níveis de risco variados
Em todas as 27 unidades federativas, foi observada uma tendência de estabilidade ou redução nos casos nas últimas seis semanas. Ainda assim, diversos estados permanecem em situação de atenção ou risco elevado.
Regiões com maior número de casos:
· Norte: Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima mantêm índices elevados.
· Nordeste: Bahia, Alagoas, Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Sergipe registram altos níveis, variando conforme a faixa etária.
· Centro-Sul: Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul ainda apresentam números expressivos.
Na Paraíba, os idosos lideram os casos graves, enquanto em Alagoas o aumento se dá principalmente entre crianças.
SRAG já causou mais de 7 mil mortes em 2025
Desde o início do ano, o Brasil contabiliza 7.660 mortes por SRAG. Destas, 4.112 foram causadas por vírus respiratórios, enquanto 2.828 tiveram resultado negativo para agentes conhecidos e outras 154 ainda aguardam confirmação laboratorial.
Distribuição dos vírus entre os óbitos confirmados:
· Influenza A: 54,7%
· Covid-19: 23,3%
· VSR: 10,7%
· Rinovírus: 10,2%
· Influenza B: 1,7%
A pesquisadora Tatiana Portella, da Fiocruz, reforça a necessidade de reforçar a imunização contra gripe e Covid-19, especialmente entre os grupos de maior risco. “O aumento é leve, mas precisamos monitorar. A vacinação, especialmente as doses de reforço para idosos e imunocomprometidos, é fundamental para evitar novas ondas de hospitalizações e mortes”, afirmou.