Logo
Menu

Política

Buscar

Eduardo Bolsonaro celebra sanção dos EUA contra Moraes: “É só o começo”

Filho de Bolsonaro agradece medida de Trump que revoga vistos de ministros do STF e familiares

Por: Lorena Bomfim

19/07/202509:13

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) agradeceu ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após o governo norte-americano suspender os vistos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, de seus familiares e de aliados da Corte. O anúncio foi feito na noite desta sexta-feira (18) pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.

Imagem de Eduardo Bolsonaro
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em publicações nas redes sociais, Eduardo afirmou que "este é só o começo", prometeu que "tem muito mais por vir" e garantiu que “não haverá recuo” por parte dos Estados Unidos. “Eu não posso ver meu pai e agora há autoridade brasileira que não poderá ver seus familiares nos EUA também — ou quem sabe até perderão seus vistos. Eis o custo Moraes para quem sustenta o regime”, escreveu.

Rubio, ao justificar a medida, acusou Moraes de liderar uma perseguição política contra Jair Bolsonaro (PL) e de violar direitos fundamentais. Segundo ele, o “complexo de perseguição e censura” extrapola as fronteiras brasileiras e afeta também os EUA. “Ordenei a revogação dos vistos de Moraes, seus aliados na Corte e seus familiares próximos, com efeito imediato”, disse Rubio.

Reação do STF e operação contra Bolsonaro

A decisão dos Estados Unidos teve repercussão direta no Brasil. Alexandre de Moraes, relator de inquéritos contra Jair Bolsonaro no STF, autorizou nesta sexta-feira (18) uma operação da Polícia Federal contra o ex-presidente. A medida incluiu busca e apreensão, uso de tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares. O pedido contou com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Em sua decisão, Moraes afirmou que Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo comemoraram uma “gravíssima agressão estrangeira” contra o Brasil, ao apoiarem publicamente as ações dos EUA. O ministro disse que os dois incitaram novas sanções e atos hostis por parte do governo norte-americano, tentando submeter o funcionamento do STF ao julgamento de outro país, em afronta direta à soberania nacional.

Moraes também apontou que pai e filho incentivaram tarifas econômicas contra o Brasil, com o objetivo de criar uma crise que pressionasse o Judiciário. Segundo ele, essas ações configuram coação, obstrução de investigação e atentado à soberania nacional.

Tensão diplomática

De acordo com apuração do analista Lourival Sant’Anna, da CNN, a embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti, tentou contato com o Departamento de Estado após o anúncio, mas teve a solicitação recusada. A resposta, segundo fontes, foi “too late” ("tarde demais"), indicando frustração com a falta de diálogo do governo brasileiro desde janeiro.

O Itamaraty, por sua vez, informou que tentou diversas vezes abrir canais diplomáticos com os EUA, incluindo o envio de uma carta oficial em 16 de maio, que nunca obteve resposta.

A situação agrava a tensão entre os dois países e marca um novo capítulo na crise institucional envolvendo o ex-presidente Bolsonaro, o STF e agora o governo norte-americano.