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Biodiversidade marinha dos Abrolhos está desprotegida, alerta estudo

Pesquisa aponta que quatro dos dez habitats mais ricos da região estão fora de áreas protegidas

Por: Lorena Bomfim

05/07/202513:10

Um estudo assinado por 13 cientistas brasileiros revelou que quatro dos dez habitats analisados no entorno do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no litoral sul da Bahia, estão praticamente desprotegidos. A pesquisa destaca a urgência de ampliar as Áreas Marinhas Protegidas (AMPs) na região, considerada um dos principais polos de biodiversidade do Atlântico Sul.

Baleia Jubarte
Foto: Foto: Instituto Baleia

Publicado na revista Ocean and Coastal Research, da Universidade de São Paulo (USP), o trabalho intitulado “Marine biodiversity hotspots in the Abrolhos Region and Vitória-Trindade Seamount Chain, Brazil, with implications for conservation” mapeou os pontos de maior biodiversidade e reforçou a necessidade de conservação desses ambientes.

Segundo Guilherme Fraga Dutra, consultor ambiental e pesquisador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), a ampliação das AMPs é responsabilidade dos governos federal e estadual e deve ser feita com planejamento conjunto e ações efetivas de fiscalização. Dutra, um dos autores do estudo, destacou que a região abriga os maiores recifes de coral da costa brasileira, a maior concentração de baleias-jubarte na América do Sul e uma diversidade marinha sem paralelo no Atlântico Sul.

A pesquisa contou com apoio do Instituto Baleia Jubarte e da Conservação Internacional (CI-Brasil) e identificou 546 espécies de peixes, invertebrados, cetáceos, aves marinhas e tartarugas. Destas, 134 espécies — cerca de 24,5% — estão ameaçadas, em categorias que vão de quase ameaçadas a criticamente em perigo.

O estudo também revelou que algumas formações únicas, como as buracas — depressões na plataforma continental exclusivas da região dos Abrolhos — estão completamente fora de áreas protegidas. Os recifes profundos e os ambientes da quebra da plataforma continental também carecem de proteção. Já os bancos de rodolitos, formados por algas calcárias, têm 96% de sua área fora das atuais AMPs.

A preservação desses habitats é fundamental para que o Brasil cumpra a Meta 30x30 da ONU, que prevê a proteção de 30% dos ecossistemas globais até 2030.