Bahia avança no combate ao câncer de pulmão com criação do Instituto ProPulmão
Centro inaugura nova fase do rastreamento, amplia acesso a exames e prepara retomada de atendimento à população
Por: Domynique Fonseca
09/12/2025 • 12:59 • Atualizado
O programa Portal Esfera no Rádio, na Itapoan FM (97,5), recebeu nesta terça-feira (9) o cirurgião torácico Ricardo Sales, presidente do Instituto ProPulmão. Em entrevista conduzida por Luis Ganem, o médico detalhou os avanços tecnológicos no diagnóstico e na prevenção do câncer de pulmão, além do processo de implantação do primeiro centro brasileiro dedicado exclusivamente ao rastreamento e ao cuidado integrado da doença.
Segundo o médico, o Instituto ProPulmão foi oficialmente lançado em 13 de novembro, em parceria com a Fundação Baiana de Cardiologia e Combate ao Câncer. A iniciativa marca um novo momento na oncologia torácica no estado e consolida a Bahia como referência no enfrentamento à doença, hoje o tipo de câncer que mais mata no Brasil.
Com mais de 10 anos de existência, o ProPulmão surgiu em São Paulo, dentro do Hospital Albert Einstein, como um projeto de pesquisa apoiado pelo Ministério da Saúde. Após quase 25 anos fora do estado e uma passagem de 10 anos no exterior, Ricardo Sales retornou à Bahia e trouxe consigo a expansão do programa.
A chegada ao estado também contou com o suporte da Fundação, Bristol Myers Squibb, que apoia iniciativas de saúde no Brasil, Índia e África. Foi esse apoio que permitiu a chegada da carreta da Saúde Respiratória, instalada no Senai Cimatec desde 2022 e responsável por realizar rastreamentos gratuitos em municípios como Feira de Santana, Serrinha e Santo Antônio de Jesus.
“Hoje mesmo vamos operar mais um paciente identificado pela carreta, no Hospital Santa Izabel, que é um parceiro fundamental nesse projeto”, destacou.
A lacuna do diagnóstico precoce
O médico reforçou que o diagnóstico tardio segue sendo um dos maiores desafios. Fumantes e ex-fumantes acima dos 50 anos têm forte indicação para realizar a tomografia de baixa dose, exame que aumenta significativamente a chance de cura.
“Tem gente que tem acesso, tem informação, e mesmo assim não faz o exame por falta de conscientização. E é justamente a detecção precoce que salva vidas”, afirmou.
Ele também alertou para o crescimento do câncer de pulmão em pessoas que nunca fumaram, especialmente mulheres jovens, grupo que representa entre 20% e 30% dos casos.
O impacto do cigarro eletrônico
Durante a conversa, o pneumologista também criticou a banalização do cigarro eletrônico entre jovens, destacando que o dispositivo segue ilegal no Brasil.
“O cigarro eletrônico é uma droga ilícita e uma porta de entrada para a dependência da nicotina. Os danos se acumulam silenciosamente”, alertou.
Pioneiro na cirurgia robótica de tórax no Brasil, Sales relembrou que sua equipe realizou os primeiros procedimentos do tipo no país, em 2010.
Segundo ele, a robótica representa um avanço importante por permitir maior precisão e menos dor no pós-operatório. Entretanto, reforçou que a segurança do tratamento não depende exclusivamente da tecnologia.
“A pergunta essencial é: o médico consegue operar por vídeo, sem abrir o tórax? Se sim, o paciente já está em um ambiente muito mais seguro”, explicou.
Quando o Instituto ProPulmão começa a atender?
Embora lançado oficialmente, o Instituto ainda não está em funcionamento físico. A expectativa é que o atendimento ao público seja iniciado entre janeiro e fevereiro de 2026, dentro da estrutura da Fundação Baiana de Cardiologia, que avalia o melhor local para instalação.
“O ProPulmão segue funcionando enquanto projeto, mas buscamos ampliar parcerias com a Sesab e com o município para que o serviço ganhe escala”, afirmou.
O atendimento será voltado ao SUS, com critérios definidos para realização de tomografias de rastreamento, priorizando fumantes e ex-fumantes com risco elevado.
