Mortalidade por câncer colorretal pode subir 36% até 2040
Mortalidade por câncer colorretal pode subir 36% até 2040
Por: Victor Hugo
07/08/2025 • 14:00
A mortalidade por câncer colorretal deve crescer 36,3% nos próximos 15 anos no Brasil. A projeção está no 9º volume do Boletim Info.oncollect, da Fundação do Câncer, divulgado nesta terça-feira (5), Dia Nacional da Saúde. Conforme o estudo, houve um aumento dos óbitos entre os homens será de 35% até 2040 e, entre as mulheres, de 37,63%. A Região Sudeste deverá ter um aumento de 34% nos óbitos e também irá concentrar o maior número absoluto de mortes.
Segundo o coordenador da pesquisa, Alfredo Scaff, os dados realizados mostram que a maioria dos diagnósticos acontece em fases muito avançadas da doença. “Em nosso levantamento, 78% das pessoas que vieram a óbito foram diagnosticadas já nos estágios três ou quatro, o que reduz drasticamente as chances de cura’’, afirmou Scaff.
Para ele, a doença vem sendo desenvolvida de forma lenta e, devido a alguns pequenos pontos ao longo de anos, podem se transformar em câncer. Além de sangue nas fezes, os sinais de alerta incluem mudanças do hábito intestinal, como as fezes em fita ou diarreicas, dores abdominais persistentes e perda de peso sem causa aparente.
“As informações obtidas a partir do boletim evidenciaram que homens e mulheres que foram a óbito pela doença tiveram seus diagnósticos nos estágios mais avançados”, concluiu.
Os cânceres de cólon e reto, que afetam o intestino, são os terceiros mais frequentes do Brasil, com cerca de 45 mil novos registros por ano, de acordo com a estimativa do Instituto Nacional do Câncer para o triênio de 2023 a 2025.
O Papel das Políticas Públicas
Segundo o especialista Scaff, o alto índice de mortes por câncer colorretal no Brasil reflete a ausência de uma política pública focada na detecção precoce da doença. O diagnóstico pode ser feito por exames simples como o de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia.
Em países que contam com programas de rastreamento bem estruturados, a taxa de sobrevida de cinco anos para os pacientes pode ser superior a 65%. No Brasil, esses números são bem mais baixos: 48,3% para o câncer de cólon e 42,4% para o câncer de reto. Esses dados, de acordo com o coordenador, demonstram a dificuldade que a população enfrenta para ter acesso a um diagnóstico rápido e a um tratamento adequado.
Para reverter essa situação, especialistas recomendam que homens e mulheres a partir dos 50 anos façam exames como o de sangue oculto nas fezes e, se necessário, a colonoscopia. Pessoas com histórico familiar da doença ou outros fatores de risco devem começar o acompanhamento médico mais cedo.
Scaff reforça que é urgente que o Brasil crie um programa nacional de rastreamento organizado. Diferente de outros tipos de câncer, como os de mama e colo do útero, ainda não existe um sistema que convoque de forma regular a população para fazer exames de intestino. Ele conclui que a mudança desse cenário é uma responsabilidade de todos.
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