De acordo com uma pesquisa realizada pelo American Journal of Preventive Medicine afirmou que um aumento significativo nas mortes por hipertensão relacionadas ao consumo de álcool, principalmente entre as mulheres. Os dados, coletados nos Estados Unidos, mostram que, entre 2016 e 2021, houve um crescimento de 51,6% nos óbitos por hipertensão atribuíveis ao álcool. Mais de 60% dessas mortes ocorreram entre o público feminino, que foi o mais afetado pelo problema.

Segundo o cardiologista Israel Guilharde, do HMAP, a ingestão excessiva de álcool prejudica a saúde de pessoas hipertensas por acelerar o sistema nervoso, aumentando a frequência cardíaca e a pressão arterial. O álcool também pode tornar os vasos sanguíneos menos flexíveis e interferir na eficácia de medicamentos para pressão alta. Além disso, o consumo exagerado contribui para o aumento de peso e a má qualidade do sono, fatores que pioram a hipertensão.

Por que as mulheres são mais afetadas?

O estudo sugere que as mulheres são mais impactadas por uma combinação de fatores biológicos e culturais. Biologicamente, elas metabolizam o álcool de forma diferente, resultando em uma concentração mais alta no sangue. Culturalmente, houve um aumento no consumo de bebidas alcoólicas por mulheres nas últimas décadas, um hábito que antes era mais comum entre os homens.

O cenário no Brasil

Embora a pesquisa tenha sido realizada nos EUA, os dados servem como um alerta para o Brasil, onde o consumo de álcool per capita ainda é superior à média mundial. De acordo com o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), as mortes relacionadas ao álcool são mais comuns entre mulheres pretas.

O cardiologista Elzo Mattar, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, e o médico Israel Guilharde, recomendam moderação ou abstinência para pessoas hipertensas. Para o público em geral, a Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere o limite de uma dose diária para mulheres e duas para homens.