EUA miram Pix e acusam Brasil de concorrência desleal
Washington acusa Brasil de favorecer sistema nacional
Por: Ana Beatriz Fernandez Martinez
22/07/2025 • 07:00
Desde pelo menos 2022, os Estados Unidos vinham monitorando de perto o sistema de pagamentos brasileiro Pix, levantando preocupações sobre possíveis práticas comerciais supostamente desleais que poderiam favorecer a ferramenta nacional em detrimento de empresas americanas, como Visa, Mastercard e WhatsApp Pay. O Escritório de Representante Comercial dos EUA (USTR) mencionou no relatório anual de 2022 a necessidade de acompanhar de forma cautelosa a atuação do Banco Central,que atua simultaneamente como regulador e operador do Pix, para assegurar condições de competição justa no mercado brasileiro.
Em meados de julho de 2025, sob pedido do presidente Donald Trump, os EUA iniciaram uma investigação formal com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. O objetivo é apurar se medidas brasileiras vinculadas ao Pix e outros serviços eletrônicos de pagamento estariam prejudicando empresas dos Estados Unidos. A acusação também abrange alegações sobre apoio à Mídia Social de Big Techs, políticas fiscais e até o comércio informal na Rua 25 de Março, em São Paulo.
O governo brasileiro respondeu com firmeza. O Palácio do Planalto publicou nas redes sociais: “Pix é dos brasileiros… parece que nosso Pix vem causando ciúme lá fora”. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) também se manifestou, afirmando que o Pix é uma infraestrutura pública aberta, que congrega bancos, fintechs e instituições nacionais e estrangeiras, e não impõe barreiras de entrada ao mercado.
O Brasil ainda ressaltou que o Pix se tornou um ativo público amplamente utilizado: cerca de 76% dos brasileiros já o empregam, movimentando quase metade das transações financeiras do país. O sistema foi apontado por órgãos como o FMI e G20 como um exemplo de inclusão financeira e inovação digital.
O histórico aponta que a atenção internacional ao Pix não é nova: desde 2022, o USTR observava possíveis impactos do sistema sobre a competitividade com serviços estadunidenses, visto como instrumento de autonomia digital brasileira.