México ultrapassa EUA e vira segundo maior destino da carne bovina brasileira
Redução nas compras dos EUA ocorre após adoção de tarifas sobre o produto
Por: Iago Bacelar
06/08/2025 • 11:00
As exportações de carne bovina brasileira para o México cresceram 420% no primeiro semestre de 2025 e colocaram o país latino-americano como o segundo principal destino do produto, superando os Estados Unidos. A informação é da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que também destaca o papel da China na liderança absoluta das importações.
Exportações ao México registram salto no primeiro semestre
Entre janeiro e junho, o volume exportado ao México passou de 3,1 mil toneladas para 16,1 mil toneladas, o que representa uma elevação de mais de quatro vezes. O valor financeiro da operação também subiu, saindo de US$ 15,5 milhões para US$ 89,3 milhões no mesmo período.
O crescimento é impulsionado pela suspensão temporária das tarifas de importação mexicanas, medida prevista pelo programa PACIC, voltado ao controle da inflação. Essa abertura de mercado tem permitido ao Brasil ampliar sua presença no país, embora a manutenção do fluxo dependa da renovação dos decretos em vigor.
Tarifaço reduz embarques aos Estados Unidos
Enquanto o México avança, os Estados Unidos reduziram drasticamente suas compras. Os dados da Abiec indicam que as exportações aos EUA caíram 70% no primeiro semestre. Em abril, foram registradas 44,2 mil toneladas, totalizando US$ 229 milhões, mas em julho esse número caiu para 12,3 mil toneladas, com US$ 68,7 milhões em valor.
A retração é resultado direto das tarifas adotadas pelos EUA sobre a carne bovina brasileira, que aumentaram o custo do produto no mercado local. Estima-se que cerca de 30 mil toneladas estejam atualmente retidas, sem destino definido, devido a incertezas regulatórias e comerciais.
China mantém liderança entre os importadores
Apesar das mudanças no cenário internacional, a China continua sendo o principal comprador de carne bovina do Brasil. Somente em junho, o país asiático importou 132 mil toneladas, gerando US$ 739,9 milhões em receita. Até o dia 28 de julho, o volume já movimentava US$ 732 milhões, o que representa o segundo maior valor mensal da série histórica.
Diversificação de mercados e recorde em julho
Em meio às oscilações nos principais destinos, o Brasil tem buscado ampliar seus mercados de exportação, com negociações em andamento com Japão, Coreia do Sul e União Europeia. A estratégia é vista como fundamental para reduzir a dependência de poucos parceiros comerciais e garantir maior estabilidade nas exportações.
A movimentação já tem gerado resultados. Em julho, o setor registrou desempenho recorde, com US$ 1,352 bilhão em exportações de carne bovina, um crescimento de 30% em relação ao mesmo mês de 2024. O número confirma a força do setor mesmo diante de desafios regulatórios e mudanças nas políticas de comércio exterior.
O cenário reforça a importância de políticas de abertura de mercado e gestão de riscos comerciais para o agronegócio brasileiro, que segue como um dos principais pilares das exportações nacionais.