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Tarifa de Trump ameaça 110 mil vagas no Brasil

Agro e comércio serão os mais afetados

Por: Ana Beatriz Fernandez Martinez

16/07/202508:00

O Brasil pode perder até 110 mil empregos com a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos, segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A medida, proposta pelo ex-presidente americano Donald Trump, impacta diretamente as exportações brasileiras, especialmente da agropecuária.

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Foto: Reprodução/Instagram @realdonaldtrump

A análise foi conduzida pelo Nemea-Cedeplar, núcleo da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, e projeta também uma queda de 0,16% no PIB brasileiro, o que representa cerca de R$ 19,2 bilhões.

O setor mais prejudicado será o agropecuário, com a eliminação de mais de 41 mil postos de trabalho, segundo o pesquisador João Pedro Revoredo. Ele explica que a dependência de mercados como o norte-americano para produtos como café, suco de laranja, carnes, cereais e tratores torna o setor especialmente vulnerável.

A queda na produção estimada varia entre 1% e 4%, o que reduz a demanda por mão de obra. A estrutura do setor, mais intensiva em trabalho humano, agrava os impactos.

Além do campo, o comércio perderia 31,6 mil vagas, seguido pela indústria de transformação, com risco de demitir 26,5 mil trabalhadores. Também estão em risco:

  • Transporte, armazenagem e correios: 8.465 empregos;

  • Serviços: 1.632 empregos;

  • Indústria extrativa: 493 empregos.

Os estados com maior impacto econômico seriam:

  • São Paulo: perda de R$ 4,46 bilhões no PIB;

  • Rio Grande do Sul: R$ 1,92 bilhão;

  • Paraná: R$ 1,91 bilhão;

  • Santa Catarina: R$ 1,73 bilhão;

  • Minas Gerais: R$ 1,66 bilhão.

Minas Gerais também lideraria a queda percentual na agropecuária, com retração de -1,15%, e na indústria extrativa, com -0,35%.

Diante da crise, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) propôs ao governo brasileiro negociar um adiamento de 90 dias da tarifa, que deve entrar em vigor em 1º de agosto. A sugestão foi discutida em reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin e representantes do setor produtivo.

“Queremos resolver o problema o mais rápido possível. Se houver necessidade de mais prazo, vamos trabalhar nesse sentido”, afirmou Alckmin.

Além da pressão interna, empresários brasileiros prometem dialogar com representantes da indústria americana e da Câmara de Comércio Brasil-EUA.