Logo

Árvore símbolo do amor entre Jorge Amado e Zélia Gattai é replantada

Ação aconteceu na tarde desta terça-feira (22), na Casa do Rio Vermelho

Por: Redação

22/10/202514:55Atualizado

Um dos lugares mais simbólicos da memória afetiva e literária do Brasil, a Casa do Rio Vermelho, em Salvador, volta a florescer. Nesta terça-feira (21), às 16h, foi plantada uma nova mangueira no jardim onde repousam as cinzas de Jorge Amado e Zélia Gattai.

Foto Árvore símbolo do amor entre Jorge Amado e Zélia Gattai é replantada
Foto: Divulgação

O gesto simbólico marca um recomeço no mesmo espaço que abrigou tantas histórias de amor, literatura e vida compartilhada.

Relação da árvore com o casal

A história dessa árvore é também a história do casal. Quando Jorge e Zélia chegaram à casa, nos anos 1960, encontraram um terreno tomado por formigas e sapotizeiros. Com paciência, afeto e formicida, transformaram o lugar em um pomar exuberante, cheio de pitangueiras, jaqueiras, jambeiros e, claro, mangueiras.

Entre elas, destacava-se a manga Carlotinha, pequena, doce e atrevida, a preferida de Jorge, que a apelidou de “peito de moça”. Sob sua sombra, os dois conversavam, namoravam e assistiam ao pôr do sol no banco de azulejos que ainda permanece no jardim.

Quando Jorge partiu, em 2001, foi ali, aos pés da mangueira, que ele escolheu repousar, como escreveu em Navegação de Cabotagem: “Aqui neste recanto do jardim quero repousar em paz quando chegar a hora.” Em 2008, Zélia o reencontrou, e as cinzas dos dois se uniram, eternizando no mesmo solo a parceria de uma vida inteira.

Mas o tempo, jardineiro caprichoso, trouxe também desafios. Em 2018, uma praga atingiu as mangueiras de Salvador, levando embora as três árvores do casal: a Rosa, a Espada e a Carlota.

No lugar delas, brotou um Iroko, árvore sagrada e símbolo de força, mas o cupim não tardou a atacar. Mesmo com o cuidado diário e as orquídeas plantadas sobre o tronco, o tempo venceu, e o velho tronco se transformou em quase pó.

Renascimento

Foi então que a  Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) entrou em cena. Após estudar o solo, os pesquisadores trouxeram um presente: uma nova muda de mangueira, da variedade Ubá, resistente, doce e arredondada, diferente da antiga Carlotinha, mas igualmente capaz de perfumar o ar e adoçar a vida.

O novo plantio celebra o ciclo natural da renovação e reafirma o espírito de permanência da Casa do Rio Vermelho. Como resume Maria João Amado, filha de Jorge e Zélia e guardiã do espaço:

“É um novo começo no velho jardim. Porque, como diria Lulu Santos, ‘Nada do que foi será, de novo, do jeito que já foi um dia… a vida vem em ondas, como o mar.’”

A nova mangueira foi plantada exatamente no mesmo lugar onde cresceu a antiga Carlota. O plantio foi aberto ao público.