Investigações de influenciadores ligam alerta sobre danos à sociedade
Casos de blogueiros que estão no radar da polícia têm sido recorrentes neste ano
Por: Ludmilla Cohim
23/10/2025 • 07:00
Eles são chamados de influenciadores. Ostentam um padrão de vida alto, expõem cada detalhe à seus milhões e assíduos seguidores, mostram as rotinas em carros de luxo, aquisições em lojas de grifes e aparições frequentes em viagens e mansões luxuosas. Assim e é basicamente o perfil de grande parte dos blogueiros investigados neste ano, suspeitos de estarem envolvidos ou no comando principal de esquema em jogos de apostas ilegais, tráfico de droga, lavagem de dinheiro, além de contribuições diretas em organizações criminosas.
O mais recente exemplo é a blogueira baiana Melissa Said. Em seu perfil do Instagram, que acumula mais de 336 mil seguidores, ela se classifica no ambiente virtual, como ativista da legalização da cannabis. Após a operação Erva Afetiva, o Departamento Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) saiu à caça da jovem, mas ela não foi localizada até o momento, isto é, está foragida.
Conforme ressaltou a Polícia Civil da Bahia, Said realizava com frequência apologia a utilização de drogas no ambiente virtual, além contribuir significativamente para o comércio e distribuição de drogas em Salvador, inclusive com fornecedores ainda na capital paulista.
Há cerca de uma semana, outro nome do universo digital, Bruno Alexssander Souza Silva, popularmente conhecido como Buzeira, foi preso. Ele costumava ser ovacionado pelo público jovem no ambiente virtual, e somava mais de 15 milhões de seguidores somente em seu perfil do Instagram.
Para entender essa tendência de surgimento de influenciadores online, o Portal Esfera conversou com o mestre em comunicação e professor, Yuri Almeida, que classificou os influenciadores como os novos atores da comunicação, que passaram a ser referências em diversas áreas que compõem a sociedade, especificamente no ambiente virtual.
O estrategista digital falou da questão de atualmente muitos influenciadores investirem pesado na compra de seguidores e ainda não terem uma responsabilidade social com o tipo de conteúdo produzido e publicado nas redes sociais.
“É bom que a gente pense que existem sim influenciadores bacanas com conteúdo bom, legal, digno de notoriedade, mas também os oportunistas, sem compromisso algum com o conteúdo postado. Da mesma forma as marcas, que não fazem uma seleção responsável de seus influenciadores. Eles querem só que a marca, o jogo, o anúncio apareçam, sem se preocupar com os reais danos à sociedade”, opina Yuri.
O especialista também fez considerações sobre a responsabilidade de cada figura pública em contribuir com pessoas, visto que podem causar prejuízos diretos na sociedade. Para ele, esse status é mais enganador do que realista a ponto de influenciar positivamente.
“O cidadão precisa observar com cautela quem ele vai seguir, se tem autenticidade naquele conteúdo. Enquanto sociedade, precisamos ter um filtro, pois quando sigo, comento, uma página ou influenciador que não devo, estou automaticamente dando audiência, e sendo corresponsável pelo sucesso desse influenciador”, explica.
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