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Política

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34% dos jovens adiam faculdade por causa das bets

Programa Pé‑de‑Meia perde força diante de jogos

Por: Ana Beatriz Fernandez Martinez

20/07/202516:46

O senador Eduardo Girão (Novo-CE), em pronunciamento, alertou para o impacto negativo das apostas online na educação dos jovens brasileiros. Ele citou dados da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes) indicando que 34% dos jovens de 18 a 35 anos atrasaram ou adiaram o ingresso na universidade em 2025 devido aos gastos com plataformas de “bets” ou jogos de azar. Segundo o parlamentar, esse problema atinge, sobretudo, jovens das classes C, D e E, especialmente os beneficiários do Bolsa Família.

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Foto: Vânia Rêgo/Agência Brasil

Complementando o quadro, Girão mencionou levantamento do Banco Central que revelou que, só em agosto de 2024, cerca de 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família usaram o Pix para apostar R$ 3 bilhões em jogos online. Ele destacou que muitos desses jovens vivem com até dois salários mínimos e que parte significativa da renda é desviada da alimentação para o vício em apostas.

O senador também associou esse comportamento ao crescimento da influência de influenciadores digitais na promoção de sites de apostas e criticou a falta de regulamentação e fiscalização eficaz por parte do governo. Girão enfatizou que o Ipea estimou que cada ponto percentual de renda familiar direcionado a apostas representa uma perda de R$ 5 bilhões no comércio varejista de alimentos, o que denota um impacto mais amplo da jogatina.

Como contraponto, o senador questionou o programa “Pé‑de‑Meia”, lançado em 2024 para incentivar a permanência de estudantes de baixa renda no ensino médio. Segundo ele, a medida é contraditória ao mesmo tempo em que transfere recursos para educação e permite que grande parte da renda dessas famílias seja consumida por apostas: “Dá com uma mão e tira com outra”.

Como forma de combater o vício e suas consequências sociais, Girão defendeu ações legislativas mais rigorosas:

  • Proibir casas de apostas, cassinos e bingos;

  • Restringir publicidade de jogos de azar;

  • Aprovar projetos de lei para barrar o avanço do mercado de apostas.

Ele alertou para os riscos sociais graves, incluindo o endividamento, a desestruturação familiar e até suicídio, especialmente entre os mais jovens.