PF aponta atuação de Malafaia e Moraes cobra explicações de Bolsonaro por risco de fuga
Investigação da Polícia Federal indica que pastor articulou pressões de Bolsonaro contra o Judiciário;
Por: Lorena Bomfim
21/08/2025 • 08:33
A Polícia Federal concluiu que o pastor Silas Malafaia atuou “de forma livre e consciente” na articulação das ações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em uma tentativa de coagir o Judiciário brasileiro.
De acordo com as investigações, Malafaia insistiu repetidamente para que Bolsonaro gravasse um vídeo direcionado à sua base política e ao então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após o anúncio de tarifas contra o Brasil.
Na mesma ocasião, um dos filhos do ex-presidente, deputado licenciado e em viagem aos Estados Unidos, também pressionou o pai a se manifestar, alegando que a ausência de reconhecimento às medidas de Trump poderia ser mal recebida.
No dia 15 de julho, depois de Bolsonaro afirmar em entrevista que o filho “não é tão maduro assim, vamos dizer, talhado para a política” e que cometia erros, Malafaia reforçou a cobrança de forma ainda mais enfática. Em áudio enviado ao ex-presidente, o pastor comentou em tom de brincadeira: “amigo é aquele que fala que o outro está com mau hálito”.
Paralelamente às apurações da PF, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira (20) que Jair Bolsonaro se manifeste, em até 48 horas, sobre o descumprimento das medidas cautelares que lhe foram impostas.
“Diante de todo o exposto, intime-se a Defesa de Jair Messias Bolsonaro para que, no prazo de 48 horas, preste esclarecimentos sobre os reiterados descumprimentos das medidas cautelares impostas, a reiteração das condutas ilícitas e a existência de comprovado risco de fuga”, escreveu Moraes na decisão.
No mesmo dia, Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
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