Gâmbia tenta frear turismo sexual de mulheres idosas no país
Prática popular desde os anos 90 preocupa autoridades locais
Por: Iago Bacelar
12/07/2025 • 12:55
O governo de Gâmbia lançou um apelo público para que mulheres estrangeiras, especialmente turistas idosas britânicas, deixem de viajar ao país em busca de relações sexuais com homens mais jovens. O alerta foi feito pelo órgão de turismo local, que defendeu a necessidade de atrair visitantes interessados na cultura e nas belezas naturais do país, e não apenas em atividades sexuais.
Destino atrai mulheres mais velhas em busca de sexo com jovens locais
A prática se popularizou nos anos 1990, quando pacotes de viagens acessíveis para a ex-colônia britânica tornaram o destino atrativo para o público da terceira idade. Com isso, Gâmbia passou a ser apelidada informalmente de "Gran-bia", em referência à palavra inglesa gran, usada para designar avós.
Milhares de mulheres ocidentais desembarcam anualmente no pequeno país da África Ocidental, muitas vezes em busca de experiências sexuais com gambianos mais jovens. A situação foi retratada no documentário Sexo na Praia, que mostrou bares lotados de mulheres brancas idosas interessadas em relações com homens locais. O material causou repercussão por revelar o perfil de um turismo voltado para o sexo e a promessa de virilidade.
“O que queremos são turistas de qualidade. Turistas que venham para aproveitar o país e a cultura, mas não turistas que venham apenas para sexo”, afirmou o órgão de turismo de Gâmbia, segundo publicou o jornal Daily Star.
Relações ultrapassam o turismo e geram vínculos permanentes
Algumas visitantes chegam a se envolver afetivamente com os parceiros locais, estendendo a estadia, fixando residência em Gâmbia ou levando os companheiros para morar no Reino Unido. Ainda que haja relatos de homens mais velhos também envolvidos com turismo sexual no país, esse público representa uma parcela bem menor.
Para muitos homens gambianos, o turismo sexual se tornou uma fonte de renda informal. Os visitantes estrangeiros, majoritariamente britânicos, movimentam a economia local por meio de transações baseadas em relações afetivo-sexuais. A dependência dessas interações para subsistência revela aspectos econômicos e sociais que ultrapassam as relações pessoais.
País enfrenta desafios sociais e sanitários
Gâmbia aparece em 174º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2022, com pontuação de 0,495, segundo dados internacionais. Além disso, figura na 25ª posição global em prevalência de Aids entre adultos, o que preocupa especialistas e reforça a necessidade de atenção à saúde pública diante do turismo motivado por sexo.
A combinação entre vulnerabilidade econômica, baixa fiscalização e a percepção do país como um destino para sexo fácil contribui para a permanência de um modelo de turismo que o governo agora tenta reverter. A campanha por “turistas de qualidade” busca mudar essa imagem e promover o potencial cultural e histórico do território espremido pelo Senegal.
Autoridades tentam reposicionar imagem internacional
Com o apelo recente, o governo gambiano tenta reposicionar o país no cenário turístico internacional, incentivando práticas mais alinhadas com o desenvolvimento sustentável, o respeito aos direitos humanos e à dignidade da população local.
O novo discurso oficial reforça que Gâmbia não deve ser vista apenas como destino sexual, mas sim como um território com rica cultura, tradições e belezas naturais a serem descobertas por quem viaja com interesse genuíno no país africano.
Relacionadas
Internacional
Internacional