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Israel bombardeia Síria após conflito entre drusos e beduínos deixar mais de 200 mortos

Observatório Sírio afirma que tropas do governo atuaram com beduínos

Por: Iago Bacelar

16/07/202509:25

As Forças de Defesa de Israel (FDI) lançaram novos ataques contra a Síria após dois dias de conflitos étnicos na cidade de Sweida, no sul do país, que resultaram na morte de 203 pessoas, segundo informações do Observatório Sírio de Direitos Humanos. O confronto foi encerrado nesta terça-feira (15) com a assinatura de um acordo de cessar-fogo.

Israel bombardeia Síria após conflito entre drusos e beduínos deixar mais de 200 mortos
Foto: Reprodução/X @omarsanadiki

O episódio começou em 11 de julho, quando sequestros ocorreram na cidade envolvendo drusos e beduínos, grupos étnicos que vivem na região, majoritariamente drusa. Diante da escalada da violência, tropas do governo sírio foram enviadas ao local e passaram a atuar junto aos beduínos.

Israel justifica ação militar como proteção aos drusos

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu declarou, ao lado do ministro da Defesa Israel Katz, que a ação teve como objetivo impedir que os drusos fossem atacados pelas forças sírias. Os alvos dos bombardeios foram equipamentos militares que, segundo Israel, estariam sendo usados contra os drusos de Sweida.

“Israel está comprometido em impedir que danos sejam infligidos aos drusos na Síria, devido ao profundo pacto de sangue com nossos cidadãos drusos em Israel e seus laços históricos e familiares com os drusos na Síria. Estamos agindo para impedir que o regime sírio os prejudique e para garantir a desmilitarização da região adjacente à nossa fronteira com a Síria”, afirmou Netanyahu.

A ofensiva ocorre em meio ao aumento das tensões entre o novo governo sírio, comandado pelo ex-jihadista Ahmed al-Sharaa, e as minorias étnicas do país.

Tropas do governo sírio atuaram com beduínos nos combates

Ainda de acordo com o Observatório, a maioria das mortes foi de combatentes ligados ao Ministério da Defesa da Síria e de beduínos. O envolvimento direto das tropas governamentais com os beduínos levantou novas preocupações internacionais sobre o tratamento dado às minorias sob a liderança de al-Sharaa, que chegou ao poder em dezembro de 2024, sucedendo o regime de Bashar al-Assad.

Apesar das declarações iniciais de que buscaria um governo de reconciliação e sem perseguições, o novo líder já acumula episódios de violência registrados desde sua posse.

Conflito étnico não é isolado

Os embates ocorridos neste mês não são os primeiros desde a mudança de governo na Síria. Em março de 2025, uma onda de violência deixou mais de 1,4 mil mortos em confrontos entre forças governamentais e o grupo étnico alauíta, o mesmo da família Assad.

As mortes se concentraram nas províncias de Latakia, Tartus, Hama e Homs, regiões de forte presença alauíta. Os combates envolveram tropas de al-Sharaa e membros da comunidade que antes compunham a base de apoio do antigo regime.

Comunidade internacional monitora situação

A intensificação das disputas étnicas e a atuação militar do novo governo sírio continuam sendo temas de preocupação para organismos internacionais e países com influência na região. O envolvimento de Israel na defesa dos drusos também acirra as tensões regionais, especialmente nas áreas próximas à fronteira entre os dois países.

Israel já havia realizado operações anteriores alegando o mesmo motivo: proteção à minoria drusa, com a qual mantém relações próximas. A continuidade desses embates pode agravar o cenário de instabilidade no Oriente Médio, especialmente em um momento de transição política delicada na Síria.