O vice‑presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, afirmou nesta terça‑feira que a Rússia não se importa com as ameaças de tarifas de Donald Trump caso não ocorra cessar‑fogo na Ucrânia em 50 dias. O Kremlin classificou a declaração como “séria” e indicou que necessita de tempo para análise formal.

Medvedev desconsidera ameaças e chama ação de teatral

Medvedev postou no X mensagem em inglês afirmando que Trump teria lançado um "ultimato teatral ao Kremlin", e que "a beligerante Europa ficou decepcionada" enquanto "a Rússia não se importou". Sua posição foi respaldada por autoridades como o porta‑voz do Kremlin, Dmitry Peskov, que sinalizou que a ameaça será “analisada” com cautela, e o vice‑chanceler Sergey Ryabkov, que acusou a Ucrânia de não querer negociar e afirmou que a Rússia não aceita "ultimatos".

Lavrov questiona o prazo e reafirma capacidade russa

Rússia pronta para diálogo, mas ignora imposição

O ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, afirmou que deseja entender melhor o que Trump quis com o prazo de 50 dias. Lavrov lembrou que já foram estabelecidos prazos diversos, como 24 horas e 100 dias, e reiterou que a economia russa resistirá às tarifas adicionais. “A Rússia quer entender o que está por trás dessa declaração sobre os 50 dias”, declarou Lavrov, ressaltando a solvência econômica do país.

Peskov e Ryabkov confirmaram que a Rússia permanece aberta a negociações diretas pela paz, mas que as tratativas se encontram paralisadas por exigências consideradas inaceitáveis pela diplomacia europeia, incluindo a devolução de 20% do território ucraniano.

Otan e Ucrânia na mira das críticas russas

O Ministério das Relações Exteriores russo afirmou que a coordenação da Otan para envio de armas à Ucrânia era malvista e evidenciava desinteresse com a paz. A pasta acusou os países da aliança de não terem compromisso real com a negociação, destacando o fato de os EUA anunciarem nova leva de armamentos, incluindo sistemas antimísseis, após suspensão temporária dos Patriot no último mês.

Taxas e Patriot: Trump reforça parceria com Kiev

Trump prometeu aplicar tarifas de 100% à Rússia e seus aliados se não houver cessar‑fogo. Ele afirmou que “estamos muito, muito insatisfeitos”, e classificou o comércio como excelente para resolução de guerras. Além disso, anunciou novo envio de sistemas Patriot, argumentando que serão entregues via Otan, e destacando que outros países farão substituições técnicas nos próximos dias. A medida reflete mudança de postura após críticas anteriores à política à Ucrânia.

Trump quebra relação ambígua com Putin

Desde o início de 2025, Trump adotava tom mais conciliador com Putin, chegando a replicar conversas com Zelensky e elogios ao líder russo. Em fevereiro, o relacionamento entre Trump e Zelensky se acirrou em confronto público. No entanto, declarações recentes demonstram crescente insatisfação com a resposta russa, chegando a chamar Putin de inútil.

Após os anúncios de Trump, a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, manifestou apoio à postura firme dos EUA, mas criticou o prazo de 50 dias, classificado como muito longo. Ela afirmou que “um ultimato de 50 dias é muito longo” diante das vítimas civis na Ucrânia.