MP da Bahia processa Nubank por endividar clientes
Banco pode ser obrigado a oferecer quitação e renegociação
Por: Iago Bacelar
26/08/2025 • 12:56 • Atualizado
O Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA) ajuizou ação civil pública contra o Nubank devido a práticas consideradas abusivas que contribuem para o superendividamento de consumidores.
A promotora de Justiça Joseane Suzart afirma que o banco “não vem cumprindo o dever de informar e alertar aos consumidores sobre os riscos relacionados à concessão de crédito, bem como adota práticas que contribuem para o superendividamento das pessoas”.
Irregularidades identificadas
Entre os problemas apontados estão a disponibilização de produtos e serviços sem prévia autorização do consumidor, informações insuficientes sobre riscos e taxas, e concessão de empréstimos sem consentimento.
“Alguns clientes foram submetidos ao pagamento de dívidas sem sequer terem solicitado ou autorizado o referido numerário, muito menos ter acesso ao montante supostamente disposto pela instituição financeira”, afirma Suzart.
Consumidores também relataram cobranças indevidas, parcelamentos não autorizados, imposição de serviços não contratados e exigência de pagamento de parcelas já quitadas. O MP verificou ainda que o Nubank não oferece opções de amortização ou quitação antecipada conforme determina a legislação.
Proposta de Termo de Ajustamento de Conduta
O MPBA propôs um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), mas o Nubank não demonstrou interesse em assinar o acordo. A ação solicita que a Justiça determine medidas imediatas de transparência e responsabilidade na concessão de crédito.
Entre as solicitações estão:
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Cumprir o dever de informação ao consumidor
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Avaliar condições de crédito com base em bancos de dados de proteção ao crédito
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Garantir crédito responsável preservando o mínimo existencial
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Não pressionar clientes para contratar produtos ou serviços
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Permitir cancelamento de cartões de todos os meios disponíveis e processar pedidos imediatamente
Outras medidas requeridas
A ação ainda pede que o banco:
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Disponibilize opções de amortização e quitação antecipada, sem tarifas
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Ofereça renegociação de dívidas sem juros ou parcelamentos abusivos
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Evite elevação injustificada de preços em créditos, financiamentos ou parcelamentos
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Aperfeiçoe o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC)
O MPBA reforça que a concessão irresponsável de crédito tem causado o superendividamento de pessoas físicas de boa-fé, e a ação visa garantir proteção e transparência nas operações financeiras do banco.
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