Frio reduz motivação, mas acelera o metabolismo corporal
Estudo mostra que corpo gasta mais energia em dias gelados
Por: Victor Hugo Ribeiro
25/06/2025 • 20:00
De acordo com um estudo publicado no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, o frio faz com que as pessoas queiram passar mais tempo em casa e diminui a motivação para atividades que exigem mais energia. O que muitos consideram preguiça tem uma explicação científica: o corpo humano busca conservar calor e energia. Isso levanta a questão: fazer exercícios no inverno queima mais calorias?
A pesquisa explica que, quando exposto a temperaturas mais baixas, o corpo aumenta a taxa metabólica para gerar calor, mantendo a temperatura corporal estável (cerca de 36,5 °C). Assim, o organismo precisa trabalhar mais para manter essa temperatura ideal.
“O esforço adicional requer mais energia, intensificando o gasto de glicogênio muscular e a beta-oxidação de gorduras. Isso ajuda a entender por que a prática de exercícios no frio pode resultar em um gasto extra de calorias. Não é uma solução isolada para a perda de peso, mas um fator complementar”, destaca Zair Cândido, coordenador da UPX Sports.
Além disso, a atividade física no inverno fortalece o sistema imunológico, pois a exposição ao frio faz com que o corpo se adapte gradualmente às condições climáticas. “Com a mudança de estação, aumentam os problemas respiratórios, como dores de garganta e viroses. Manter uma rotina de exercícios é uma estratégia eficaz para reforçar a imunidade”, afirma Zair Cândido.
Pesquisas de Harvard indicam que a atividade física pode ajudar a combater a depressão sazonal, que apresenta sintomas em épocas específicas do ano, especialmente no outono e inverno, quando há menos luz solar. A falta de luminosidade pode interferir na produção de serotonina – o hormônio da felicidade – e aumentar a melatonina, que regula o ritmo circadiano.
“O excesso de melatonina pode afetar o humor, causando falta de energia e desejo por alimentos calóricos. Nesses casos, a atividade física ajuda a equilibrar os hormônios e, dependendo do exercício, ainda proporciona maior exposição ao sol”, comenta Zair Cândido.
A prática de exercícios também impacta positivamente o sono, favorecendo as fases mais profundas. O desgaste gerado pela atividade física contribui para um sono de qualidade, com menos interrupções e maior tempo total de descanso.
Entre as atividades recomendadas para o inverno estão musculação, spinning e caminhadas na esteira, que podem ser realizadas em ambientes fechados, facilitando a manutenção da rotina de exercícios. Para os mais ousados, as atividades ao ar livre são incentivadas, pois melhoram o humor e aumentam a produção de vitamina D.
É importante considerar cuidados gerais, especialmente em dias frios, como o aquecimento. O aquecimento é ainda mais crucial no inverno, pois o frio reduz o fluxo sanguíneo nos músculos, aumentando o risco de lesões. Um bom aquecimento pode prevenir distensões.
O vestuário também é fundamental, pois a roupa adequada protege contra os efeitos da exposição prolongada ao frio. Itens como óculos, luvas, manguitos, protetores térmicos e toucas são altamente recomendados.
A alimentação e a hidratação também merecem atenção. No frio, a sensação de sede pode diminuir em até 40%, mas é essencial manter uma hidratação contínua, já que a água é vital para a prática de atividades e o funcionamento do organismo. Quanto à alimentação, é importante consumir os nutrientes adequados nas quantidades corretas, podendo ser necessário aumentar a ingestão calórica, já que o corpo precisa de mais energia no frio.
Outras recomendações de Zair Cândido para manter uma rotina saudável em temperaturas baixas incluem identificar os horários em que se sente mais disposto para treinar, o que pode ajudar a transformar isso em um hábito.
“Além dos horários, encontrar um parceiro de treino pode ser um incentivo nos dias de desânimo, ajudando a manter o foco. Praticar exercícios em casa, como yoga, dança e treinos HIIT, também pode ajudar a vencer a preguiça”, conclui.