Fumar pode causar prisão de ventre? Médica explica
A ausência de nicotina reduz os estímulos no intestino
Por: Redação
06/09/2025 • 09:17 • Atualizado
Parar de fumar traz diversos desafios. A abstinência de nicotina pode provocar sintomas como dor de cabeça, ganho de peso e tremores. Outro efeito comum é a prisão de ventre, que tem uma explicação fisiológica.
A constipação ocorre porque a nicotina atua como estimulante do sistema nervoso autônomo, responsável por funções involuntárias do corpo, como os movimentos intestinais. Além disso, a substância ativa receptores colinérgicos no trato gastrointestinal, que aumentam o peristaltismo as contrações que impulsionam o bolo alimentar e aceleram o trânsito intestinal.
Estudos também mostram que a nicotina age nos nervos que irrigam o intestino, favorecendo as contrações musculares. Isso explica por que muitos fumantes apresentam evacuações mais frequentes, especialmente após o primeiro cigarro do dia. “Fumantes geralmente têm o intestino mais solto. Muitos relatam evacuar logo após fumar pela manhã”, explica Tassiane Alvarenga, médica endocrinologista e metabologista.
Ao abandonar o cigarro, o organismo responde com uma redução desses estímulos, o que pode causar lentidão no funcionamento intestinal.
Quando o intestino volta ao normal?
O desconforto tende a ser passageiro. Em média, o intestino volta ao ritmo normal entre duas e seis semanas após a interrupção do hábito. Em pessoas mais sensíveis, esse período pode chegar a três meses.
Fatores como idade, sexo, estado nutricional, prática de atividade física, padrão alimentar e presença de doenças também influenciam nessa adaptação. Para amenizar os sintomas, especialistas recomendam:
- Ingerir alimentos ricos em fibras, como vegetais, frutas com casca, leguminosas e cereais integrais;
- Hidratar-se adequadamente (cerca de 30 a 35 ml de água por quilo de peso corporal ao dia);
- Praticar atividade física regularmente, principalmente exercícios aeróbicos;
- Manter uma rotina intestinal organizada, como tomar café da manhã e ir ao banheiro no mesmo horário;
- Evitar excesso de cafeína, álcool e alimentos ultraprocessados, que desequilibram a microbiota intestinal.
Se a prisão de ventre vier acompanhada de dor abdominal intensa e persistente, febre, sangue ou muco nas fezes, perda de peso inexplicável ou distensão abdominal, é importante buscar atendimento médico.
“Em casos de constipação associada a sinais de alerta, o ideal é consultar um gastroenterologista. Pode ser necessária uma colonoscopia, estudo do trânsito intestinal ou exames laboratoriais para investigar causas como o hipotireoidismo, por exemplo”, alerta Alvarenga.
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