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Exportações ameaçadas: tarifa dos EUA preocupa agropecuária baiana

Bahia, Ceará e Maranhão concentram mais de 80% das exportações do Nordeste para os EUA e seriam os mais afetados

Por: Lorena Bomfim

11/07/202511:06

O anúncio dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil gerou forte repercussão no setor agropecuário baiano e nacional. Na Bahia, os principais itens afetados serão carne, café e laranja, e a expectativa é que os dois países encontrem um consenso para evitar a entrada em vigor da medida.

Imagem do porto
Foto: Sílvio Luiz/A Tribuna Jornal

Um levantamento da Coordenação de Estudos, Pesquisas, Tecnologia e Inovação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) estima que o Nordeste pode perder R$ 16 bilhões por ano, caso a tarifa seja mantida. Bahia, Ceará e Maranhão devem ser os estados mais prejudicados, representando juntos 84,1% do total exportado aos EUA. Nos seis primeiros meses deste ano, o Nordeste exportou R$ 8,7 bilhões, enquanto em 2024, os três estados, junto com Pernambuco, somaram cerca de R$ 14 bilhões em exportações para o mercado norte-americano.

Dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), com base em números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), indicam que em 2024 a Bahia exportou US$ 882 milhões para os EUA. Entre os produtos agropecuários, destacaram-se frutas, café e peixes. No primeiro semestre de 2025, o estado já alcançou US$ 440 milhões em exportações para os EUA, com destaque para cacau e café.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), Humberto Miranda, demonstrou preocupação com a medida. “Recebemos com apreensão essa falta de sintonia política e econômica, que interfere na relação entre os dois países”, afirmou. Segundo ele, os produtos baianos mais exportados para os EUA são carne, café, açúcar, laranja e suco de laranja. “Esperamos o bom senso dos dois governos para resolver a situação com diplomacia e tranquilidade”, completou.

Miranda também alertou para os impactos da tarifa não apenas sobre os produtores brasileiros, mas também sobre os consumidores e empresários americanos. “A taxa de 50%, somada às demais tarifas já existentes, elimina a competitividade dos produtos brasileiros frente aos concorrentes de países sem essa sobretaxa”, criticou.

Produção no oeste baiano

No oeste da Bahia, região responsável por grande parte da produção agrícola do estado, a safra 2024/2025 totalizou 2.873.121 hectares plantados e 11.816.109 toneladas de grãos e fibras colhidas, com destaque para soja, algodão e milho — culturas voltadas principalmente para os mercados asiáticos.

As principais entidades que representam os produtores da região, como a Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o anúncio do governo norte-americano. Ambas têm associados com forte presença no mercado internacional e competem diretamente com produtores dos Estados Unidos.