Rui Costa critica EUA por investigação contra o Pix
Ministro cita impacto na Embraer e no agro
Por: Ana Beatriz Fernandez Martinez
16/07/2025 • 15:40 • Atualizado
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, classificou como “inacreditável” a investigação iniciada pelo governo dos Estados Unidos contra o Pix e centros comerciais populares do Brasil, como a Rua 25 de Março, em São Paulo. A apuração foi aberta pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), com base na seção 301 da legislação americana, que permite ações contra práticas comerciais consideradas desleais.
Segundo o ministro, é surpreendente que uma das maiores potências mundiais coloque em um documento internacional preocupações com um sistema de pagamentos amplamente adotado pela população brasileira e com áreas de comércio informal. “É inacreditável uma potência mundial se preocupar com o Pix e com a 25 de Março”, afirmou.
O ministro destacou que o Brasil manterá o diálogo, mas considerou a investigação uma tentativa de intromissão em decisões soberanas. “Nenhum outro país pode definir o meio de pagamento que usamos ou o tipo de comércio que temos”, reforçou.
Também houve críticas ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), acusado pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, de articular ações contra o próprio país junto ao governo americano. Ele destacou os riscos da tarifa anunciada por Donald Trump, de 50% sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto. “Isso afeta empregos em setores como o agronegócio e a Embraer”, afirmou.
A Embraer, inclusive, estima um impacto de R$ 20 bilhões até 2030 devido à nova alíquota. O CEO da empresa, Francisco Gomes Neto, disse que a medida afeta também funcionários e fornecedores nos Estados Unidos, criando uma situação de “perde-perde”.
Os Estados Unidos são o segundo principal parceiro comercial do Brasil. Em 2024, o país exportou US$ 20 bilhões aos americanos e importou US$ 21 bilhões. Aeronaves estão entre os principais produtos brasileiros vendidos ao mercado norte-americano.
Diante do cenário, o vice-presidente Geraldo Alckmin tem liderado negociações com o setor produtivo para formular uma resposta. Já o presidente Lula afirmou que, caso não haja acordo, será aplicada a Lei da Reciprocidade Econômica — com a imposição de tarifa equivalente a 50% sobre produtos dos EUA.
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