Vítimas de Mariana recebem compensação 10 anos após o crime
Valor corresponde a cerca de 1,5 salários mínimos
Por: Gabriel Pina
10/07/2025 • 16:30 • Atualizado
Quase dez anos após o crime ambiental da Samarco, onde uma barragem de rejeitos de mineração rompeu em Mariana, município de Minas Gerais, os pescadores artesanais e agricultores familiares vítimas da destruição deixada pela lama começaram a receber, nesta quinta-feira (10) uma compensação mensal pelos próximos quatro anos, no valor de 1,5 salários mínimos, cerca de R$ 2.277,00, pelos danos causados.
O pagamento acontece em virtude de um acordo de repactuação entre as empresas sócias da Samarco, os governos federal e dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, a Defensoria Pública da União e o Judiciário. No total, mais de R$ 3,7 bilhões serão repassados aos entes públicos para efetuar os pagamentos, que acontecerão nos próximos meses.
Ao todo, 22 mil pescadores e 13,5 mil agricultores afetados terão direito à compensação. O integrante da Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens, Thiago Alves, reconheceu o acordo como positivo.
“Nós consideramos que é um avanço terem reconhecido a necessidade de um programa de transferência de renda, visto que os programas anteriores de auxílios mensais eram insuficientes para o tipo de dano de problema gerado”, declarou Thiago.
Os valores serão pagos pela Caixa Econômica Federal em conta poupança e poderão ser movimentados pelo aplicativo Caixa Tem. Para comprovar o direito ao dinheiro, o programa exige uma série de documentações e até registro profissional dos trabalhadores atingidos. Entretanto, Thiago Alves argumenta que a cobrança pode excluir muitos afetados.
“A exigência do Registro Geral da Pesca, o RGT, e do CAF, o Cadastro da Agricultura Familiar, apesar de serem documentos básicos da política pública, exclui muitos atingidos, que além dos prejuízos causados pelo rompimento ainda perderam a confiabilidade de seus produtos pela contaminação”, diz o integrante.