Ex-ministro critica partidos e diz que política perdeu o debate de ideias
Segundo Geddel, polarização baseada em rótulos como “esquerda” e “direita” esvaziou o debate político e contribuiu para o clima de intolerância no país
Por: Domynique Fonseca
21/10/2025 • 19:30
O ex-ministro e ex-deputado federal Geddel Vieira Lima foi o convidado do programa Portal Esfera, transmitido pela Itapoan FM (97,5) e comandado por Luis Ganem, nesta terça-feira (21). Em uma conversa franca, o político baiano avaliou o atual cenário político e destacou a perda de identidade dos partidos no Brasil.
“Os partidos políticos estão fadados ao fracasso absoluto, porque deixaram de ser portos de ideias. Hoje, você não tem mais um partido que represente um conjunto de valores ou uma linha de pensamento clara. Cada um pensa uma coisa, e a sociedade não tem referência sobre o que cada legenda defende”, criticou.
Segundo Geddel, a polarização baseada em rótulos como “esquerda” e “direita” esvaziou o debate político e contribuiu para o clima de intolerância no país.
“Essa bobagem de ficar qualificando alguém de esquerda ou direita criou ódio e afastou o debate real. Ninguém discute o que é ser de esquerda ou direita na economia ou nas políticas sociais”, pontuou.
O ex-ministro também falou sobre o comportamento agressivo nas redes sociais e o impacto da transformação digital na política e na comunicação.
“Hoje, a informação é muito mais ágil, mas também muito mais irresponsável. As pessoas se sentem à vontade para ofender e xingar. Eu me distraio, às vezes baixo o nível, às vezes mantenho o nível, mas sigo dando o meu recado”, disse, em tom descontraído.
Geddel ainda defendeu que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi constitucional e criticou a narrativa de que teria havido golpe.
“Não houve golpe coisa nenhuma. Foi um processo previsto na Constituição. Dilma perdeu sustentação política e popular. Dentro das regras do jogo democrático, o impeachment foi legítimo”, afirmou.
O político ressaltou que sempre buscou transparência nas negociações e que isso foi um diferencial em sua trajetória.
“As pessoas sabem o que eu quero. Não chego com conversa torta. Faço política no campo aberto, olho no olho. Cumpro compromissos. Ninguém pode dizer que quebrei palavra”, completou.
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