Bombardeios em Gaza deixam 29 mortos enquanto cessar-fogo segue sem avanço
Israel e Hamas se acusam de travar negociações intermediadas em Doha
Por: Iago Bacelar
13/07/2025 • 11:01
Pelo menos 29 pessoas morreram em ataques israelenses à Faixa de Gaza entre a noite de sábado (12) e a madrugada de domingo (13), segundo informações divulgadas pela Defesa Civil palestina. As ofensivas acontecem em meio ao impasse nas negociações de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, atualmente suspensas.
As mortes mais recentes ocorreram em diferentes pontos do território, incluindo o campo de refugiados de Nuseirat, na região central da Faixa de Gaza. De acordo com a Defesa Civil, dez pessoas morreram em um dos bombardeios. Outras oito mortes foram registradas próximo a um ponto de distribuição de água potável.
A organização relatou ainda que crianças estão entre os mortos. As imagens captadas pela agência AFP mostram corpos sendo levados para hospitais da região. Entre os corpos estão os de crianças, transportados em meio ao cenário de destruição causado pelos ataques aéreos diários.
O exército israelense, em resposta à imprensa, afirmou que está investigando as informações repassadas pelas autoridades locais. Devido ao bloqueio imposto por Israel em Gaza, restrições à mídia dificultam a verificação independente dos dados fornecidos por ambos os lados do conflito.
Propostas de cessar-fogo estão sem avanço
As negociações indiretas para um acordo de cessar-fogo tiveram início no dia 6 de julho em Doha, no Catar, com a mediação de Egito, Catar e Estados Unidos. No entanto, representantes dos dois lados trocam acusações sobre a estagnação das tratativas.
Uma fonte palestina próxima ao processo informou que o Hamas rejeitou integralmente uma proposta apresentada por Israel, que previa a manutenção de forças israelenses em mais de 40% do território de Gaza. De acordo com a mesma fonte, Israel estaria planejando uma redistribuição militar que forçaria o deslocamento de grande parte da população.
“A intenção é reunir centenas de milhares de deslocados no sul de Gaza, preparando uma possível transferência forçada dessas pessoas para o Egito ou outros países”, disse a fonte à AFP.
Apesar das dificuldades relatadas, outra fonte ligada ao grupo palestino sinalizou avanços na pauta humanitária. Segundo essa fonte, houve progresso na negociação sobre a entrada de ajuda humanitária e na discussão sobre a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos detidos em Israel.
Israel diz estar disposto a flexibilizar proposta
Autoridades israelenses negam que estejam impondo obstáculos às negociações. Um representante do governo declarou que Israel demonstrou disposição para flexibilizar seus termos e que novas propostas poderão ser apresentadas nos próximos dias.
“O Hamas está resistindo a um acordo e conduzindo uma guerra psicológica para sabotar as negociações”, disse a autoridade. A posição oficial do governo israelense permanece a mesma: libertar os reféns, desarmar o Hamas e expulsar o grupo do território de Gaza.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reforçou essa postura em declarações recentes e tem sido pressionado internamente por manifestações populares.
Pressão interna aumenta em Tel Aviv
Em Tel Aviv, milhares de pessoas se reuniram mais uma vez no sábado à noite para pedir o retorno dos reféns mantidos pelo Hamas. Entre os manifestantes estava Eli Sharabi, ex-refém libertado, que fez um apelo à população e às autoridades.
“A janela de oportunidade para trazer todos os reféns para casa está aberta por enquanto, mas não por muito tempo”, afirmou Sharabi durante o protesto.
As manifestações ocorrem regularmente em Tel Aviv e outras cidades israelenses, refletindo a crescente insatisfação popular com a condução do conflito e a demora em alcançar um acordo.
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