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Rússia lança maior ataque com drones desde início da guerra

Zelensky denuncia ataque e cobra sanções severas contra o petróleo russo

Por: Iago Bacelar

09/07/202508:16

A Ucrânia afirmou ter sido alvo do maior ataque com drones e mísseis desde o início da guerra, com 728 drones e 13 mísseis lançados pela Rússia nesta quarta-feira (9). Segundo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o ataque representa uma recusa explícita da Rússia em aceitar negociações de paz.

Rússia lança maior ataque com drones desde início da guerra
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Zelensky afirmou que o bombardeio “é revelador” por ocorrer justamente em meio a esforços internacionais de cessar-fogo. “Este é um ataque revelador – e acontece precisamente num momento em que tantos esforços foram feitos para alcançar a paz, para estabelecer um cessar-fogo, e ainda assim só a Rússia continua a repelir todos eles”, disse. Para ele, a ofensiva demonstra a necessidade de endurecer as sanções contra o petróleo russo, responsável por financiar a máquina de guerra de Moscou.

Defesa aérea intercepta maioria dos alvos

A Força Aérea da Ucrânia informou que conseguiu interceptar 718 dos drones lançados, além de sete mísseis. Apesar da magnitude do ataque, não foram registradas vítimas ou danos estruturais até o momento. O nível de alerta, no entanto, permanece elevado, especialmente após o envio de aviões militares da Polônia e aliados para proteger o espaço aéreo polonês.

Na última sexta-feira (4), a capital Kiev já havia enfrentado um ataque semelhante, com 539 drones e 11 mísseis lançados pelas tropas russas. Na ocasião, 23 pessoas ficaram feridas e diversos prédios foram atingidos. A cidade passou a madrugada sob sirenes, drones kamikazes e fortes explosões.

Trump critica Putin e confirma envio de armas

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a atacar o presidente russo, Vladimir Putin, após os novos episódios de bombardeios. Durante reunião na Casa Branca nesta terça-feira (8), Trump disse que Putin “fala muita besteira” e o chamou de inútil. “Putin fala muita besteira, se vocês querem saber a verdade. Ele é muito gentil o tempo todo, mas acaba sendo inútil”, afirmou.

Trump também confirmou que autorizou o envio de armamentos defensivos para a Ucrânia, reforçando a presença norte-americana no apoio ao governo ucraniano. O presidente declarou ainda estar avaliando com seriedade um novo projeto de lei no Senado, que prevê sanções adicionais à Rússia.

Segundo Trump, a recente conversa por telefone com Putin, realizada na última quinta-feira (3), não resultou em progresso nas tentativas de cessar-fogo. No dia seguinte, Trump também falou por telefone com Zelensky. O norte-americano demonstrou frustração com o impasse. “Não estou satisfeito com Putin. Não sei o que há de errado com ele. O que diabos aconteceu com ele? Certo? Ele está matando muita gente. Não estou feliz com isso”, declarou à imprensa.

Exigências da Rússia para cessar-fogo

Enquanto os bombardeios continuam, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou nesta segunda-feira (8) que Moscou não aceitará um cessar-fogo sem que o Ocidente suspenda as sanções e devolva os ativos russos congelados no exterior.

Lavrov repetiu os termos exigidos pelo Kremlin desde o início da guerra em fevereiro de 2022. Segundo ele, as “causas raiz” do conflito envolvem a retirada da Ucrânia da Otan e a retomada dos territórios ocupados pela Rússia no leste do país. A posição russa continua inflexível quanto a retrocessos nas áreas conquistadas até agora.

Escalada militar e guerra tecnológica

Nos últimos meses, a guerra tem apresentado avanços tecnológicos com o uso de drones e guerra eletrônica. A Rússia tem intensificado ataques com brigadas móveis e dispositivos aéreos não tripulados. Em junho, a operação Teia de Aranha destruiu aviões militares russos em solo, reforçando o uso da tecnologia como arma estratégica.

O governo Trump chegou a suspender temporariamente o envio de sistemas de defesa para a Ucrânia, justificando a decisão pela necessidade de preservar estoques internos dos EUA. Com o novo bombardeio russo, o envio de armamentos foi retomado.

A escalada do conflito eleva as pressões sobre o cenário diplomático internacional. A articulação entre EUA, Europa e países da Otan para buscar uma saída negociada permanece travada, enquanto a Rússia mantém sua ofensiva militar e rejeita concessões.