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Aliado ideológico de Bolsonaro vence eleição e assume presidência do Chile

Direitista José Antonio Kast derrota comunista no segundo turno e toma posse em março

Por: Redação

15/12/202512:21Atualizado

O candidato da direita José Antonio Kast foi eleito presidente do Chile neste domingo (14) ao vencer, no segundo turno, Jeannette Jara, representante do Partido Comunista. A vitória marca uma guinada conservadora no comando do país e encerra o ciclo do governo de esquerda liderado por Gabriel Boric.

Foto Aliado ideológico de Bolsonaro vence eleição e assume presidência do Chile
Foto: Reprodução/ Instagram @joseantoniokast

Kast assumirá o Palácio de La Moneda em março do próximo ano, quando receberá a faixa presidencial do atual chefe de Estado. Jeannette Jara reconheceu o resultado ainda no domingo e desejou êxito ao adversário.

“A democracia se manifestou de forma clara. Desejo sucesso ao presidente eleito para o bem do Chile”, afirmou em publicação nas redes sociais.

Em discurso posterior, a candidata derrotada agradeceu aos eleitores e afirmou que atuará como oposição firme ao novo governo. Já Boric parabenizou Kast pela vitória e declarou que vai colaborar para uma transição institucional tranquila. Os dois devem se reunir nesta segunda-feira (15).

Trajetória política e perfil conservador

Com mais de duas décadas de atuação na política chilena, José Antonio Kast é advogado, católico e pai de nove filhos. Ele é casado há mais de 30 anos com a advogada Maria Pia Adriasola, presença constante em suas campanhas eleitorais.

Kast é filho de um imigrante alemão que chegou à América do Sul após a Segunda Guerra Mundial e construiu um negócio no ramo alimentício no sul de Santiago. O presidente eleito já afirmou, em outras ocasiões, que o pai foi recrutado à força pelo partido nazista, tema que voltou ao debate público durante campanhas anteriores.

O irmão mais velho de Kast, Miguel Kast, teve papel de destaque durante a ditadura de Augusto Pinochet, atuando como ministro e presidente do Banco Central nos anos 1980, período marcado por políticas econômicas liberais inspiradas na chamada “terapia de choque”.

Após iniciar a carreira no partido de direita UDI, Kast deixou a legenda em 2016 para disputar a Presidência como independente, obtendo votação modesta. O crescimento político veio em 2021, com a criação do Partido Republicano, que ampliou sua base eleitoral e o consolidou como principal nome da direita chilena.

Discurso de linha dura e referências internacionais

Durante a campanha, Kast adotou um discurso rígido sobre segurança pública e imigração, inspirado em modelos adotados nos Estados Unidos e em El Salvador. Ele defende fronteiras militarizadas, a criação de uma força policial especializada para combater a imigração ilegal e chegou a visitar presídios de segurança máxima implementados pelo presidente salvadorenho Nayib Bukele.

O presidente eleito também elogiou publicamente líderes conservadores internacionais, como o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, alinhando-se a pautas de costumes e à retórica contra a esquerda.

Na área econômica, Kast propõe redução de impostos para empresas, flexibilização das leis trabalhistas e diminuição da regulação estatal, embora aliados indiquem que parte dessas propostas deve ser ajustada após a eleição.

Em temas sociais, ele mantém posições conservadoras, como a defesa do endurecimento das regras sobre o aborto e a oposição à venda da pílula do dia seguinte. Questionado recentemente, reafirmou sua postura: “Defendo a vida desde a concepção até a morte natural”.

A vitória de Kast ocorre em meio ao desgaste do governo Boric e ao enfraquecimento do centro político no Chile, cenário que impulsionou o avanço da direita no país.