Solidão cresce mesmo com redes sociais
OMS recomenda mais contato presencial
Por: Ana Beatriz Fernandez Martinez
06/07/2025 • 08:00
Um levantamento divulgado por uma comissão da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que uma em cada seis pessoas no planeta sofre com a solidão, condição que está diretamente associada a impactos negativos na saúde física, mental e emocional.
A pesquisa aponta que o isolamento social contribui para aproximadamente 871 mil mortes por ano e afeta pessoas de todas as idades, incluindo 25% dos adolescentes e um terço dos idosos. O problema também é grave em países de baixa renda, onde 24% da população se sente solitária — mais do que o dobro dos 11% observados em países de alta renda.
“Vivemos uma era de conexões digitais infinitas, mas nunca tantas pessoas se sentiram tão sozinhas”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Segundo o relatório, a solidão aumenta o risco de doenças cardíacas, diabetes, declínio cognitivo e depressão. Em adolescentes, o problema afeta o desempenho escolar. Entre adultos, pode comprometer oportunidades de emprego e produtividade.
Além de danos individuais, os efeitos se refletem na economia: perdas no mercado de trabalho e aumento nos custos com saúde pública são consequências diretas do isolamento social, destaca a comissão da OMS.
O documento propõe soluções baseadas na conexão social, como:
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Investimento em parques, bibliotecas e cafés comunitários;
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Campanhas públicas de conscientização;
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Ampliação do acesso à saúde mental.
A Suécia foi citada como referência: o país lançou uma estratégia nacional contra a solidão, reconhecendo o problema como um desafio coletivo. Entre as medidas, estão:
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Distribuição de cartões para atividades em grupo a jovens;
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Proibição de celulares em escolas públicas;
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Ações para estimular convivência em lojas e bairros.
Segundo o ministro sueco Jakob Forssmed, limitar o uso de telas nas escolas ajuda a melhorar o sono, reduzir o bullying online e aumentar a interação social.
A comissão destaca que, embora a tecnologia tenha seu valor — como chamadas por vídeo e trabalho remoto —, o contato presencial é insubstituível. Expressões faciais, gestos e o silêncio têm papel essencial na comunicação humana e são perdidos no ambiente digital.
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