Reclamar em excesso pode afetar cérebro e bem-estar
Hábito recorrente reforça pensamentos negativos e afasta o bem-estar
Por: Iago Bacelar
07/07/2025 • 16:00
Reclamar diariamente pode parecer uma forma comum de expressar insatisfação, mas estudos indicam que esse comportamento recorrente pode prejudicar o funcionamento do cérebro e comprometer o bem-estar emocional. Pesquisas conduzidas pelas universidades de Stanford e Harvard revelam que a repetição contínua de reclamações reforça padrões de pensamento negativos, o que tende a gerar um ciclo de descontentamento e estresse emocional.
De acordo com os especialistas, o ato de reclamar com frequência contribui para o fortalecimento de conexões neurais associadas à negatividade. Com o tempo, isso faz com que o cérebro se torne mais propenso a identificar e reagir a estímulos de forma negativa, mesmo diante de situações neutras ou resolvíveis.
Queixar-se pode ser uma forma de evitar responsabilidades
O motivo pelo qual as pessoas reclamam nem sempre está ligado apenas ao incômodo real com uma situação. Em muitos casos, a reclamação funciona como uma estratégia inconsciente de defesa, utilizada para não enfrentar responsabilidades ou tomar decisões difíceis. Também pode surgir como um pedido de atenção, validando sentimentos de frustração e tentando atrair apoio emocional de outras pessoas.
Esse comportamento, apesar de parecer um simples desabafo, pode alimentar relações marcadas por negatividade, afastamento emocional e falta de empatia. Com o tempo, o hábito pode se tornar um padrão automático de resposta, prejudicando a saúde mental e os vínculos sociais.
Personalidade influencia a tendência a reclamar
Pesquisadores observam que traços de personalidade estão diretamente relacionados à frequência e intensidade com que as pessoas reclamam. Indivíduos com alto nível de neuroticismo tendem a focar com mais intensidade nos aspectos negativos da vida e, por isso, manifestam insatisfação com maior frequência.
Em contrapartida, pessoas com traços elevados de amabilidade demonstram menor tendência a reclamar. Esse perfil costuma desenvolver uma atitude mais compreensiva diante das adversidades, com maior capacidade de resiliência emocional e foco em soluções práticas.
Transformar queixas em ação pode ser um caminho para o bem-estar
Apesar dos efeitos prejudiciais do excesso de reclamações, o ato de expressar insatisfação pode se tornar um recurso positivo, quando canalizado de forma construtiva. O primeiro passo é identificar se a queixa está baseada em uma demanda legítima e se ela pode gerar mudanças práticas.
Adotar hábitos como a gratidão, com foco nos aspectos positivos do cotidiano, pode reduzir a frequência das queixas e contribuir para o equilíbrio emocional. Além disso, buscar feedback construtivo em vez de apenas reclamar pode facilitar a resolução de conflitos e melhorar o ambiente de convivência.
Em alguns casos, a psicoterapia é indicada como suporte para quem deseja entender os padrões comportamentais ligados à reclamação e desenvolver estratégias mais saudáveis para lidar com frustrações e angústias.
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