Brasil registra aumento de casos de envenenamento; Nordeste ocupa 3º lugar
Levantamento da Abramede aponta internações e mortes por intoxicações intencionais e acidentais
Por: Redação
07/09/2025 • 12:00 • Atualizado
Um levantamento da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede) revela um cenário preocupante no Brasil: a cada duas horas, um paciente dá entrada em um pronto-socorro do SUS com sintomas de envenenamento. Nos últimos dez anos, foram registrados 45.511 atendimentos de emergência que evoluíram para internação e, em alguns casos, óbito.
Entre 2009 e 2024, a média anual foi de 4.551 registros, equivalente a 12,6 casos por dia. Do total, 3.461 internações ocorreram por intoxicação proposital causada por terceiros. “Muitos episódios de intoxicação são cometidos intencionalmente, frequentemente com motivações emocionais ou familiares, e não apenas acidentais”, afirma Camila Lunardi, presidente da Abramede.
Casos recentes de grande repercussão ilustram a gravidade do problema: o bolo contaminado com arsênio que matou quatro pessoas em Torres (RS) em dezembro de 2024, a ceia de Réveillon envenenada em Parnaíba (PI), e outros incidentes envolvendo ovo de Páscoa e açaí adulterados, que vitimaram uma bebê de oito meses no Rio Grande do Norte.
A emergencista Juliana Sartorelo destaca que muitos casos poderiam ser evitados com maior fiscalização, regulamentação de substâncias e punição do comércio clandestino. “A prioridade não é identificar o intoxicante, mas garantir o suporte de vida adequado. Só depois, com o paciente estabilizado, buscamos informações para direcionar o tratamento”, explica.
Após uma queda entre 2015 e 2021, os registros atingiram os maiores picos em 2023 (5.523 casos) e 2024 (5.560). Entre as causas acidentais mais comuns estão medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios (2.225 casos), pesticidas (1.830), álcool (1.954) e anticonvulsivantes, sedativos e hipnóticos (1.941).
Geograficamente, o Sudeste concentrou quase metade dos atendimentos, com destaque para São Paulo (10.161) e Minas Gerais (6.154). Em seguida, aparecem o Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte. As internações por intoxicação proposital seguem padrão semelhante, com maior concentração no Sudeste (1.513), seguido de Sul (551), Nordeste (492), Centro-Oeste (470) e Norte (435).
O perfil das vítimas mostra predominância masculina (23.796 casos). Adultos jovens entre 20 e 29 anos são os mais atingidos (7.313 casos), seguidos por crianças de 1 a 4 anos (7.204). Bebês de até um ano e idosos acima de 80 anos apresentam os menores índices, com 968 registros cada.
Relacionadas