Estudo alerta para riscos do uso da IA
Cérebro trabalha menos com textos gerados
Por: Ana Beatriz Fernandez Martinez
09/07/2025 • 21:30
Um estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, trouxe novas reflexões sobre o uso de inteligência artificial para a produção de textos. A pesquisa aponta que o uso frequente de ferramentas como o Deep Seek e ChatGPT podem prejudicar o desempenho mental e o processo de aprendizagem.
Durante quatro meses, 54 participantes foram acompanhados. Eles estavam divididos em três grupos: um utilizava o ChatGPT (versão GPT-4o), outro recorria ao Google, e o último escrevia com base apenas no próprio raciocínio, sem apoio de ferramentas externas.
Segundo informações do portal UOL, os resultados revelaram diferenças significativas. Os encefalogramas mostraram que quem escreveu sem ajuda tecnológica apresentou maior atividade cerebral e conexões neurais mais equilibradas. O grupo que usou o Google teve desempenho intermediário, enquanto os usuários da IA registraram o menor nível de engajamento neural.
Os efeitos não se limitaram à parte neurológica. Após escreverem os textos, os participantes foram entrevistados. Entre os que utilizaram inteligência artificial, 83% não conseguiram lembrar nem uma frase do conteúdo produzido. No grupo que usou o Google, esse número caiu para 11%. Já entre os que escreveram por conta própria, apenas dois não recordavam trechos do texto.
A dificuldade de lembrar os argumentos principais também foi muito maior entre os usuários de IA. Para os pesquisadores do MIT, esses dados levantam preocupações importantes sobre o impacto da tecnologia no desenvolvimento cognitivo.
Eles afirmam que, apesar da praticidade dos modelos de linguagem, como o ChatGPT, existe um risco real de redução nas habilidades de raciocínio, criatividade e pensamento crítico, justamente as competências que os ambientes educacionais buscam fortalecer.
No Brasil, o uso da inteligência artificial como apoio aos estudos já é uma realidade crescente. Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes), em parceria com a Educa Insights, apontou que 7 em cada 10 estudantes universitários ou candidatos à graduação utilizam IA nos estudos.
Entre os entrevistados, 42% afirmaram usar as ferramentas semanalmente, enquanto 29% recorrem a elas diariamente. Os principais motivos são a facilidade de acesso a conteúdos, disponibilidade a qualquer hora e agilidade na resolução de dúvidas.
Por outro lado, cerca de 50% reconhecem os possíveis riscos: desde a dependência excessiva até o risco de receber informações imprecisas ou até ultrapassadas.
Especialistas recomendam que a inteligência artificial seja vista como uma aliada e não como substituta do pensamento humano. O ideal é usá-la para organizar ideias ou buscar referências, mas não delegar todo o processo criativo ou de raciocínio lógico a ela.
O estudo do MIT reforça que, embora as IAs ofereçam praticidade, seu uso indiscriminado pode comprometer o desenvolvimento mental, tornando essencial repensar seu papel na educação e no cotidiano.