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Assassinato de jovem trans expõe falhas e omissões no caso Rhianna

Liberação do suspeito após confessar o estrangulamento revoltou familiares e reacendeu o debate sobre proteção a pessoas trans no oeste da Bahia

Por: Redação

10/12/202508:59

A identificação de Sérgio Henrique Lima dos Santos, 19, como autor do assassinato da jovem trans Rhianna, 18, marcou um novo capítulo na violência contra pessoas trans na região oeste da Bahia. O crime ocorreu em Luís Eduardo Magalhães, mas tanto vítima quanto suspeito eram de Barreiras. Segundo relatos, o jovem abordava mulheres por redes sociais após encontrá-las em sites de garotas de programa e tentava marcar encontros longe dos holofotes.

Foto Assassinato de jovem trans expõe falhas e omissões no caso Rhianna
Foto: Reprodução

Em outro ponto do caso, uma acompanhante que trabalhava na mesma plataforma que Rhianna relatou que também foi procurada pelo suspeito. “Ele também mandou mensagem para mim, mas a gente não chegou a sair”, contou a jovem, que pediu para não ser identificada. Ela confirmou que Sérgio Henrique já mantinha encontros com Rhianna, embora não soubesse se havia histórico de agressividade.

Na troca de mensagens revelada pela colega de profissão, Sérgio tentava marcar um encontro iniciando a abordagem com um “Tá em Barreiras? Tinha te visto em um site”, buscando aproximação semelhante à que tinha com a vítima. As conversas, porém, não evoluíram. Sobre a ligação entre os dois, a fonte disse não ter informações sobre comportamentos anteriores que pudessem indicar o desfecho trágico.

Confissão e versão apresentada na delegacia

Ao se apresentar à polícia, o motorista de aplicativo admitiu ter aplicado o golpe de estrangulamento após uma discussão. Ele alegou ter agido em legítima defesa, dizendo acreditar que Rhianna teria feito um movimento para pegar algo na bolsa. Sérgio ainda afirmou ter tentado reanimá-la, mas ela não resistiu.

Repercussão e críticas à liberação do suspeito

A decisão de liberar o suspeito gerou forte reação. A deputada Érika Hilton criticou publicamente o caso.

“É inconcebível que um delegado não faça a prisão em flagrante de um assassino que levou um corpo até a delegacia porque ele foi ‘bonzinho’, confessou o crime e jurou de dedinho que vai se comportar”, publicou nas redes sociais.

A irmã da vítima, Drycka Santana, também desabafou sobre o crime. “Depois de quase um mês daquela briga, chega alguém e simplesmente te mata. Que todos os culpados paguem, porque eu tenho a certeza de que não foi só um”, afirmou ao cobrar justiça.

Apesar do impacto da decisão, o advogado Jonata Wiliam da Silva, mestre em Direito e professor de Direito Penal da Ufba, reforçou que a legislação brasileira não determina prisão automática. Ele explicou: “O comparecimento espontâneo e a confissão não garantem que a pessoa acusada responda ao processo em liberdade. Entretanto, conforme as normas do processo penal, as prisões temporária ou preventiva não podem servir como antecipação de pena; por isso são chamadas de prisões cautelares.”

O caso permanece sob investigação da Polícia Civil, que apura as circunstâncias do crime e eventuais participações de terceiros.