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Estudo aponta perda bilionária no agro com possível tarifaço de Trump

Exportadores brasileiros projetam impacto severo nas vendas aos EUA

Por: Iago Bacelar

23/07/202510:54

Um estudo elaborado por representantes do agronegócio brasileiro projeta perdas de até US$ 5,8 bilhões para o setor caso o tarifaço proposto por Donald Trump seja implementado nos Estados Unidos a partir de 1º de agosto. A projeção foi obtida e divulgada pela CNN Brasil.

Estudo aponta perda bilionária no agro com possível tarifaço de Trump
Foto: Divulgação/Ministério das Comunicações

Segundo o levantamento, o Brasil exportou US$ 12,1 bilhões em produtos do agronegócio para os EUA apenas em 2024. A imposição de tarifas adicionais pode comprometer quase metade desse montante.

Projeção estima queda de 48% nas exportações

O documento explica que a estimativa é baseada na elasticidade das importações norte-americanas. De acordo com o estudo:

“Com base na elasticidade das importações de bens nos EUA, estima-se que uma queda de 48% no valor total pago pelas importações. Isso representa uma perda de US$ 5,8 bilhões na receita dos exportadores brasileiros com vendas de produtos do agronegócio aos EUA”, aponta o texto.

A análise prevê que as tarifas serão integralmente repassadas aos preços de importação, ou seja, o aumento de até 50% nas taxas elevaria proporcionalmente o preço final dos produtos brasileiros.

“Uma elevação de 50% nas tarifas elevaria em 50% os preços finais”, detalha o estudo.

Sucos e madeira lideram lista de perdas totais

O impacto não será homogêneo. Alguns produtos, segundo o documento, poderão deixar de ser competitivos no mercado norte-americano. Entre os itens mais afetados estão os sucos de laranja, que teriam sua tarifa elevada a ponto de inviabilizar as exportações, e as obras em madeira, com risco de perda total no mercado.

“Alguns produtos sofrerão mais impacto que outros, como é o caso dos sucos de laranja, em que a tarifa se tornaria impeditiva para o produto brasileiro. Enquanto isso, produtos como o café verde teriam um impacto relativo menor, devido à queda na oferta do grão no mercado internacional nos últimos anos, o que torna a capacidade de substituição mais rígida”, diz o levantamento.

Setores mais afetados pelas tarifas

O estudo apresenta uma tabela com estimativas de perda percentual nas exportações aos EUA com a implementação do tarifaço. Veja os setores com maiores impactos:

  • Sucos de laranja (não congelados, não fermentados): 100%

  • Obras em madeira: 100%

  • Açúcares refinados (de cana, beterraba ou sacarose pura, em estado sólido): 100%

  • Portas e caixilhos não classificados anteriormente: 93%

  • Álcool etílico não desnaturado (com alto teor alcoólico): 71%

  • Sebo de bovinos, ovinos ou caprinos: 50%

  • Outros açúcares de cana: 33%

  • Carne bovina desossada e congelada: 33%

  • Café verde (não torrado, não descafeinado): 25%

  • Pasta química de madeira de não conífera: 25%

Exportadores acompanham cenário com preocupação

O setor do agronegócio brasileiro acompanha com atenção os desdobramentos da política comercial dos Estados Unidos. A possível volta de Trump à presidência e a retomada de medidas protecionistas preocupam os exportadores, especialmente os que dependem do mercado norte-americano para escoar parte relevante da produção.

O estudo reforça que, se implementadas, as tarifas terão efeitos diretos e imediatos sobre a competitividade dos produtos brasileiros, exigindo uma reorganização das estratégias comerciais do agro no exterior.