Sorgo avança na Bahia com expansão da produção e uso no setor de energia
Crescimento impulsiona uso do grão em energia e proteína animal
Por: Iago Bacelar
11/08/2025 • 08:33
A produção de sorgo no oeste da Bahia cresceu 39,3% e passa a ocupar posição de destaque entre as principais culturas da região. O avanço é resultado da resistência à seca, do ciclo curto e da adaptação ao solo do cerrado, fatores que atraem produtores interessados em diversificar lavouras e atender à demanda do mercado.
Expansão ligada ao setor energético
O sorgo amplia seu papel na produção de biocombustíveis, especialmente no etanol de segunda geração. A Inpasa, com unidade em Luís Eduardo Magalhães, aposta na cultura para aumentar a oferta de matéria-prima sem competir com lavouras consolidadas.
“O sorgo é uma cultura rica em amido, essencial para a produção de etanol, e ainda permite a fabricação de DDGS, usado na alimentação animal, o que agrega valor à produção”, afirma Irineo Piaia Junior, gerente de originação de grãos da Inpasa. Segundo ele, o diferencial do grão é a capacidade de se desenvolver em áreas com menor índice de chuvas.
Alternativa para proteína animal
Além do uso energético, o sorgo ganha espaço como fornecimento de matéria-prima para produção de proteína animal. Para Aloísio Júnior, gerente de Agronegócios da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), o crescimento é sustentado por fatores econômicos e de manejo.
“O crescimento é impulsionado pela rotação de culturas, pelos custos de produção mais baixos e pela liquidez comercial, fatores que favorecem a tomada de decisão no planejamento agrícola”, afirma.
A expansão ocorre em áreas de sequeiro, favorecidas por distribuição de chuvas estável. A projeção indica crescimento anual de 6% a 9% na área cultivada, podendo dobrar já na próxima safra com o aquecimento do mercado de biocombustíveis.
Avanço no oeste baiano
Dados da Secretaria da Agricultura da Bahia (Seagri) apontam que a área plantada no oeste do estado aumentou de 150 mil para 160 mil hectares na safra 2024/25. Segundo Assis Pinheiro, diretor de Agricultura da Seagri, o movimento confirma a relevância da cultura.
“Esse aumento reflete o potencial da cultura como alternativa viável e sustentável, tanto para o abastecimento do setor energético quanto para a produção de proteína animal”, afirma.
Fatores econômicos e apoio técnico
O custo de produção do sorgo é cerca de 50% menor que o do milho, com menor exigência hídrica, o que o torna acessível a pequenos e médios produtores. Programas como o Prodeagro e o apoio técnico da Seagri fortalecem a cadeia produtiva, estimulam o uso de áreas ociosas e favorecem a diversificação agrícola.
Perspectivas para as próximas safras
O avanço do sorgo no oeste da Bahia combina viabilidade econômica, sustentabilidade ambiental e potencial energético. Com a busca por fontes renováveis e o cenário de mudanças climáticas, a cultura se consolida como opção estratégica para o agronegócio local, fortalecendo a economia agrícola e diversificando a produção.
Relacionadas