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Bolsonaro se irrita com postura de Eduardo e manda recado ao filho

Ex-presidente teme que declarações do deputado federal ampliem sua crise política

Por: Domynique Fonseca

25/09/202510:33

As declarações recorrentes do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vêm atingindo adversários, membros do Judiciário e até aliados políticos, têm gerado desconforto dentro da própria família Bolsonaro. Segundo aliados próximos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) avalia que o filho está “falando demais” e que, a cada novo ataque, aumenta o desgaste político do clã.

Foto Bolsonaro se irrita com postura de Eduardo e manda recado ao filho
Foto: Reprodução/Marcos Corrêa/PR

Em prisão domiciliar e impedido de manter contato direto com Eduardo por determinação judicial, Bolsonaro recorreu a um aliado para transmitir o recado. A ideia é que esse interlocutor viaje aos Estados Unidos e converse pessoalmente com o deputado, pedindo que ele adote um tom mais moderado.

Essa não foi a primeira tentativa de conter Eduardo. Há algumas semanas, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) já havia alertado o irmão sobre sua postura, a pedido do pai. Parlamentares do PL relataram que a conversa girou em torno da “forma de comunicação” adotada pelo deputado, vista como prejudicial para o grupo político.

Apesar das pressões, Eduardo tem dado sinais de independência. Ele já manifestou a intenção de disputar a Presidência da República, mesmo sem o apoio do ex-presidente, e não descarta concorrer contra um candidato apoiado por Bolsonaro, caso o capitão decida lançar o governador paulista Tarcísio de Freitas.

O momento político, no entanto, é desfavorável para o deputado. Nos últimos dias, ele acumulou novos reveses: foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) por coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Na sequência, o Conselho de Ética da Câmara abriu mais um processo disciplinar contra ele, que já enfrenta quatro representações que podem resultar na cassação do mandato.

Para agravar a crise, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), rejeitou a indicação de Eduardo para a liderança da minoria. A manobra havia sido articulada para driblar o risco de perda de mandato por faltas, permitindo que o parlamentar mantivesse prerrogativas mesmo atuando à distância.