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Política

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Eduardo Bolsonaro desafia aliados e amplia crise com bancada do PL

Deputado ataca senadores e desautoriza negociações sobre tarifa de Trump

Por: Iago Bacelar

25/07/202517:30

A atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos gerou desgaste político e atritos com aliados no Brasil. O deputado, afastado da Câmara desde o início do ano, passou a se posicionar como único interlocutor autorizado para tratar da sobretaxa anunciada por Donald Trump, que entra em vigor em 1º de agosto. Ele desautorizou senadores que pretendem negociar a medida e direcionou críticas ao deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).

Eduardo Bolsonaro desafia aliados e amplia crise com bancada do PL
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agencia Brasil

Conflito com ex-ministros e senadores

Eduardo criticou a missão de oito senadores da Comissão de Relações Exteriores que viajam aos Estados Unidos para reuniões com congressistas e entidades do setor produtivo. O grupo inclui os ex-ministros Tereza Cristina (Agricultura) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia). Para o deputado, a viagem representa um “gesto de desrespeito” a Trump.

Aliados afirmam que o parlamentar tenta centralizar as conversas com autoridades americanas, deixando de lado até nomes ligados ao governo Jair Bolsonaro. Eduardo tem se colocado como um representante direto do ex-presidente, o que gerou críticas internas no PL.

Embates com Nikolas Ferreira

A rixa com Nikolas Ferreira se intensificou após o episódio da tornozeleira eletrônica de Jair Bolsonaro, quando Eduardo reclamou da falta de apoio do deputado mineiro. Ele também criticou a ausência de um posicionamento firme de Nikolas em relação ao tarifaço. Pessoas próximas ao deputado afirmam que não há atritos, mas confirmam que ele não terceiriza ataques.

Nos bastidores, parlamentares do PL apontam ressentimento pela popularidade de Nikolas, que foi o mais votado do país nas últimas eleições, enquanto Eduardo ficou atrás de Carla Zambelli (PL) e de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo.

Reação do centrão e do agronegócio

A postura de Eduardo desidratou sua credibilidade com líderes do centrão. Um dirigente de partido do bloco, ao ser questionado sobre o deputado, encerrou a entrevista com a frase “vamos falar de gente séria”. Outro presidente de partido afirmou que o projeto presidencial de Eduardo foi comprometido pela pressão exercida para que Trump anunciasse a tarifa, o que ameaça negócios e empregos.

A bancada ruralista também criticou a atuação do parlamentar. Deputados ligados ao agronegócio consideram que ele está prejudicando negociações comerciais. Para esses políticos, o lobby do deputado nos Estados Unidos busca salvar Bolsonaro da prisão, mas afeta a economia do setor produtivo.

Estratégia de comunicação e ataques públicos

Eduardo conta com o apoio do jornalista Paulo Figueiredo, apontado como aliado na divulgação de críticas. Figueiredo chamou Tereza Cristina e Marcos Pontes de “traidores” em vídeo e sugeriu que Eduardo fizesse uma nota pública contra eles, o que foi atendido. A mesma estratégia é utilizada em relação a Nikolas, com postagens que questionam a atuação do deputado mineiro.

Apoio de bolsonaristas raiz

Apesar do isolamento, Eduardo mantém o respaldo de cerca de 25 deputados conhecidos por pautas mais radicais e oposição ao Supremo Tribunal Federal (STF). O grupo inclui parlamentares de diferentes partidos, além do PL. No entanto, lideranças políticas avaliam que o deputado corre risco de ordem de prisão caso retorne ao Brasil.

Próximos passos

O clima de tensão deve se manter enquanto a sobretaxa de Trump segue em pauta. Na semana anterior ao anúncio do tarifaço, Eduardo já havia criticado o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), ampliando a lista de desavenças dentro do campo bolsonarista.

A condução do tema e os ataques internos indicam que o deputado aposta em um discurso de enfrentamento, mesmo com resistência crescente no próprio partido.