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Brasil tenta adiar tarifa de 50% dos EUA e busca apoio do setor privado

Setores da indústria e agronegócio se mobilizam para tentar reverter medida

Por: Iago Bacelar

25/07/202517:18Atualizado

A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos deve começar a valer no dia 1º de agosto, conforme anunciado pelo presidente Donald Trump em 9 de julho. A uma semana da vigência da medida, o governo brasileiro ainda não alcançou um acordo com Washington e tenta adiar a cobrança com apoio do setor privado.

Brasil tenta adiar tarifa de 50% dos EUA e busca apoio do setor privado
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Setor produtivo vê impacto nas exportações

Representantes da indústria e do agronegócio avaliam que a tarifa é insustentável para os produtores brasileiros. A falta de interlocução com a Casa Branca é apontada como principal entrave. Até o momento, houve apenas uma conversa entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, que durou 50 minutos no último sábado (19). Alckmin classificou a reunião como produtiva, mas não revelou detalhes sobre as negociações.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconhece dificuldades para dialogar com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent. Segundo ele, a comunicação entre os países ocorre apenas em nível técnico e a decisão final sobre a tarifa depende diretamente de Trump.

Mais de 100 empresários ouvidos pelo governo

Desde 15 de julho, o comitê interministerial criado pelo governo já se reuniu com mais de 100 empresários, incluindo representantes da indústria, do agronegócio e de empresas de tecnologia americanas. A estratégia mais recente é solicitar aos EUA o adiamento da tarifa por 60 a 90 dias, alegando que há produtos brasileiros já em portos ou em trânsito, o que pode comprometer contratos em andamento.

Setores pedem cotas e isenções

Alguns setores, como o de carne bovina e de suco de laranja, pedem cotas específicas para que determinados produtos fiquem livres da sobretaxa. O governo brasileiro, por sua vez, descarta por enquanto a adoção de medidas de reciprocidade. A avaliação é que retaliações poderiam gerar prejuízos maiores, especialmente porque grande parte das tecnologias utilizadas no Brasil é de origem americana.

Missão de senadores aos EUA

Na sexta-feira (25), uma missão de senadores brasileiros embarca para Washington para tentar abrir novos canais de diálogo com congressistas americanos. As reuniões estão programadas para ocorrer entre os dias 28 e 30 de julho. A ideia é ampliar as negociações, uma vez que nem o setor privado nem os parlamentares têm acesso direto à Casa Branca.

Mobilização do setor privado

O setor privado brasileiro também organiza caravanas aos Estados Unidos para negociar diretamente com autoridades e empresas americanas. A intenção é pressionar internamente, já que muitas companhias dos EUA dependem da logística de produtos brasileiros e poderiam sofrer prejuízos com a tarifa. Alckmin vê a iniciativa como positiva para ampliar a interlocução.

Setor mineral aposta em acordo

Entre os segmentos produtivos, o setor mineral demonstra maior otimismo. Na quarta-feira (23), representantes brasileiros da área e autoridades dos Estados Unidos discutiram um possível acordo sobre minerais críticos que poderia flexibilizar a tarifa de 50%. Essa agenda partiu do próprio governo americano e ocorre em meio à disputa global por insumos essenciais para a produção de baterias, semicondutores e tecnologias de ponta.

Contexto global e relação com a China

O mercado de minerais críticos é dominado pela China, e a redução da dependência em relação a Pequim é uma prioridade da atual gestão Trump. A expectativa é que o Brasil possa se tornar um parceiro estratégico para os Estados Unidos neste setor, o que pode abrir caminho para negociações mais amplas sobre a tarifa.