Michel Temer critica tarifas dos EUA e Eduardo Bolsonaro rebate com exigência de anistia
Ex-presidente pede diplomacia, enquanto deputado rebate com condições políticas
Por: Iago Bacelar
24/07/2025 • 09:25
O ex-presidente Michel Temer condenou as medidas do governo dos Estados Unidos contra o Brasil, incluindo a taxação de 50% sobre produtos brasileiros e o cancelamento de vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em vídeo publicado na rede X, nesta quarta-feira (23), ele defendeu que a solução para o impasse deve ser buscada por meio do diálogo entre as nações.
Declarações de Michel Temer
Temer classificou as ações norte-americanas como injustificáveis e destacou que não devem ser tratadas com hostilidade. Segundo ele, respostas diplomáticas exigem moderação e respeito aos tratados internacionais.
“São inadequações que não se resolvem, contudo, com bravatas, com ameaças, com retruques, com agressões. Resolve-se pelo diálogo que se faz entre nações, especialmente nações parceiras”, afirmou o ex-presidente.
O ex-mandatário reforçou que momentos de instabilidade exigem articulação e prudência. Para ele, o enfrentamento direto com os EUA não trará soluções eficazes. Temer defendeu que medidas de reação respeitem a Constituição brasileira e os acordos internacionais para garantir a soberania e a estabilidade do país.
Eduardo Bolsonaro rebate críticas de Temer
As declarações de Temer provocaram reação imediata do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que utilizou as redes sociais para responder ao ex-presidente. Ele afirmou que a condição para qualquer diálogo com os Estados Unidos é uma “anistia ampla, geral e irrestrita”.
“Para haver diálogo com quem prende velhinhas inocentes, o regime tem que recuar. O primeiro passo é anistia ampla, geral e irrestrita. Sem isso, não haverá diálogo”, disse o deputado.
Eduardo faz referência às prisões de envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram os prédios do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e STF. O parlamentar argumenta que a libertação desses presos seria essencial para reabrir negociações com o governo norte-americano.
Investigações contra Eduardo Bolsonaro
Eduardo Bolsonaro é alvo de uma investigação conduzida pela Polícia Federal no âmbito de um inquérito que tramita no STF. O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, determinou a apreensão do celular do deputado, a utilização de tornozeleira eletrônica e restrições de circulação, incluindo a proibição do uso de redes sociais.
As investigações envolvem suspeitas de coação no curso do processo, obstrução de investigações relacionadas a organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Eduardo é acusado de pressionar o governo dos EUA a adotar sanções contra autoridades brasileiras, como ministros do STF, membros da PGR e da Polícia Federal.
A crise comercial entre Brasil e EUA
O episódio ocorre em meio a uma crescente tensão na relação comercial entre Brasil e Estados Unidos. No início de julho, o presidente Donald Trump anunciou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os EUA. A medida é a mais elevada imposta a parceiros comerciais sob sua gestão atual.
O governo brasileiro respondeu à medida com a Lei da Reciprocidade Econômica, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O dispositivo prevê contramedidas equivalentes a ações unilaterais que prejudiquem a competitividade nacional.
O papel da diplomacia
Em seu vídeo, Temer destacou que respostas imediatas e agressivas podem ampliar a crise. “Devemos agir e reagir como a nação livre e soberana que somos, sem excessos de ambas as partes”, completou. Ele reforçou que o caminho para superar o conflito está no entendimento entre os governos e na busca por soluções conjuntas.
Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro, que se afastou da Câmara dos Deputados, permanece nos EUA atuando em favor de sanções contra membros do governo brasileiro, alegando perseguição política a seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A tensão diplomática segue sem solução imediata. O debate entre Michel Temer e Eduardo Bolsonaro revela divisões internas sobre como o Brasil deve reagir às pressões externas e conduzir suas relações com a administração norte-americana.
Relacionadas