Logo
Menu

Política

Buscar

Decisão de Moraes com erro de português é alvo de críticas e piadas da oposição

Moraes usou “mais” no lugar de “mas” e ainda recorreu a caixa alta e cinco pontos de exclamação

Por: Felipe Santana

24/07/202513:41Atualizado

Um erro de gramatical na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reacendeu o embate entre o magistrado e a base bolsonarista. Ao redigir o trecho “A JUSTIÇA É CEGA MAIS NÃO É TOLA!!!!!”, Moraes usou “mais” no lugar de “mas” e ainda recorreu a caixa alta e cinco pontos de exclamação, sendo um estilo pouco usual em decisões judiciais. A falha foi corrigida posteriormente, mas acabou viralizando nas redes sociais.

Alexandre de Moraes
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro não perderam a oportunidade para ironizar o erro. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL) ironizou a decisão de Alexandre de Moraes com uma publicação em sua conta no X (antigo Twitter). Usando um erro ortográfico de forma proposital, escreveu: “Em breve, agente vai censurar”, uma provocação direta ao tom da decisão e à grafia equivocada usada pelo ministro.

Já Eduardo Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, também rebateu com ironia: “Estou proibido de postar falas de meu pai, ‘MAIS’ posso postar as decisões do Alexandre de Moraes”.

Na prática, a decisão de Moraes manteve todas as medidas cautelares impostas anteriormente a Bolsonaro: uso de tornozeleira eletrônica, proibição de contato com diplomatas, autoridades estrangeiras, investigados e até o próprio filho Eduardo, além da vedação ao uso das redes sociais, inclusive por meio de terceiros. O ministro ainda reforçou que, em caso de novo descumprimento, a prisão preventiva será decretada de forma imediata.

A frase usada por Moraes “a Justiça é cega, mas não é tola” foi interpretada como uma tentativa de reafirmar a firmeza e vigilância do Judiciário diante das estratégias da defesa de Bolsonaro. Porém, o erro de grafia acabou ofuscando a mensagem principal, alimentando críticas e ironias vindas da oposição.

Documento (STF)

Documento (STF)


Para parlamentares da base conservadora, como Sóstenes Cavalcante (PL), o episódio simboliza um suposto autoritarismo do ministro. O deputado chegou a chamá-lo de “tirano disfarçado de juiz”. Já nas redes sociais, o erro virou combustível para uma onda de postagens satíricas, que misturaram críticas ao conteúdo da decisão com piadas sobre ortografia e gramática.

O despacho ainda contém erros ortográficos em diferentes trechos. Em um deles, o ministro Alexandre de Moraes utilizou incorretamente a crase na expressão “à partir”, quando o correto seria “a partir”, sem acento. O equívoco aparece na parte em que se determina o uso da tornozeleira eletrônica por Jair Bolsonaro: “RECOLHIMENTO DOMICILIAR NO PERÍODO NOTURNO, À PARTIR DAS 19H00.”

Outros erros de gramática também foram identificados. Em determinado trecho, Moraes escreveu: “Como toda medida cautelar imposta pelo Poder Judiciário, a restrição a utilização as redes sociais não pode ser burlada por esquemas espúrios…”. A construção apresenta problemas de regência e omissão de preposições, já que o correto seria “à utilização das redes sociais”.

Em outra passagem, ao se referir ao uso das redes sociais do deputado Eduardo Bolsonaro para divulgar falas do pai, Moraes afirma que “as redes sociais do investigado EDUARDO NANTES BOLSONARO foram utilizadas à favor de JAIR MESSIAS BOLSONARO”. Neste caso, o erro está na crase em “à favor”, quando o correto é “a favor”, sem acento.