Pressão dos EUA pode custar votos a Lula
Governo teme efeito nas urnas em 2026
Por: Ana Beatriz Fernandez Martinez
24/07/2025 • 09:08
Nos bastidores do Palácio do Planalto, cresce a preocupação com os possíveis desdobramentos políticos do tarifaço anunciado pelos Estados Unidos. Uma ala do governo acredita que o impulso inicial de popularidade para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), decorrente da postura combativa contra a medida, pode ser efêmero. O temor é de que, caso o impacto sobre a economia brasileira se intensifique, o eleitorado acabe responsabilizando o próprio presidente, prejudicando sua candidatura à reeleição em 2026.
A medida, articulada pelo ex-presidente Donald Trump, prevê uma taxação de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA.
Apesar da retórica pública firme, o governo Lula ainda não conseguiu encontrar alternativas claras e eficazes para reverter ou suavizar os efeitos da taxação. A avaliação interna é de que o eleitor comum tende a reagir mais ao resultado concreto no bolso do que aos detalhes diplomáticos sobre de quem é a culpa.
Há ainda um componente político delicado: membros do governo acreditam que a escalada tarifária tem motivações que vão além da economia. Uma das hipóteses levantadas é de que Trump tenta, indiretamente, influenciar o cenário político brasileiro ao pressionar o STF a recuar nos inquéritos contra Jair Bolsonaro (PL), seu aliado ideológico na América Latina.
Até aqui, a tensão comercial com os Estados Unidos havia colaborado para melhorar a imagem de Lula. A retórica contra medidas vistas como agressivas do exterior se somava a vitórias narrativas anteriores do governo, como a pauta da "justiça tributária", que obteve apoio popular ao colocar pressão sobre o Congresso e o Centrão para taxar grandes fortunas. No entanto, aliados do presidente temem que essa boa fase tenha data para acabar, caso a população sinta os efeitos diretos das tarifas no dia a dia.
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