Representantes do povo Munduruku, organizados pelo Movimento Ipereg Ayu, bloquearam na manhã desta sexta-feira (14) o principal acesso à Blue Zone da COP 30, em Belém. A segurança na área foi reforçada pelas Forças Armadas. Com o bloqueio, participantes e delegados precisaram utilizar uma entrada alternativa do centro de convenções.

Os indígenas foram conduzidos para uma reunião com o presidente da Conferência, André Corrêa do Lago, e com a ministra dos Povos Indígenas.

Mobilização contra o Decreto nº 12.600/2025

O protesto cobra uma reunião urgente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a revogação do Decreto nº 12.600/2025, que institui o Plano Nacional de Hidrovias e define os rios Tapajós, Madeira e Tocantins como eixos prioritários para navegação de cargas.

Segundo o movimento, a medida pode abrir caminho para novas dragagens, o derrocamento de pedrais sagrados e a expansão de portos privados, com impactos ambientais e sociais considerados irreversíveis.

A manifestação também denunciou projetos federais de infraestrutura que, segundo os Munduruku, avançam sobre territórios indígenas das bacias do Tapajós e Xingu sem consulta prévia, livre e informada, como determina a Convenção 169 da OIT.

Em nota, o Movimento Munduruku Ipereg Ayu afirmou que o protesto se posiciona ainda contra projetos de créditos de carbono e mecanismos de REDD+ discutidos na COP 30. Para eles, essas iniciativas representam uma “venda da floresta” e não enfrentam causas estruturais da crise climática, como desmatamento industrial, garimpo ilegal e expansão da monocultura.