Nome cotado para a Odebrecht é alvo de operação que investiga desvio milionário
Ex-presidente da Codevasf é investigado por suposto desvio de recursos públicos
Por: Iago Bacelar
17/07/2025 • 10:01
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (17) a quinta fase da Operação Overclean, que apura suspeitas de fraudes em licitações, corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de recursos de emendas parlamentares. A ação investiga irregularidades em contratos que somam R$ 1,4 bilhão, envolvendo empresas de fachada e servidores públicos ligados ao município de Campo Formoso, no interior da Bahia.
Entre os principais alvos está Marcelo Moreira, ex-presidente da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba), que teve endereços vasculhados pela PF. A operação ocorre enquanto ele aguarda o fim de uma quarentena ética para assumir um cargo na Odebrecht, onde foi indicado para a função de diretor de contratos.
Ex-dirigente da Codevasf aguarda liberação para atuar na Odebrecht
A nomeação de Marcelo Moreira para a Odebrecht foi suspensa por decisão da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, que impôs uma quarentena de seis meses, válida até dezembro de 2025. A justificativa foi a possibilidade de conflito de interesses entre a atuação pública e o novo cargo na empreiteira.
Marcelo chefiou a Codevasf entre 28 de agosto de 2019 e 17 de junho de 2025, e saiu da estatal após se tornar alvo de denúncias de assédio e investigações da própria PF. Mesmo durante o período de quarentena, segue recebendo salário de quase R$ 37 mil mensais.
Pai de ex-presidente é preso durante cumprimento de mandado
Durante as diligências em Salvador, a Polícia Federal prendeu o pai de Marcelo Moreira, após encontrar uma arma de fogo em seu imóvel. A prisão ocorreu em flagrante, conforme relataram os agentes responsáveis pela operação.
Ao todo, foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão em cidades da Bahia e em outros estados. Os locais são Salvador, Campo Formoso, Senhor do Bonfim, Mata de São João, Petrolina (PE) e Brasília (DF). A operação teve apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Receita Federal. Também foi determinado o afastamento cautelar de um servidor público e o bloqueio de R$ 85,7 milhões em bens dos investigados.
Grupo político de Elmar Nascimento aparece no centro do esquema
A investigação atinge diretamente pessoas ligadas ao deputado federal Elmar Nascimento (União-BA). Embora ele não tenha sido alvo nesta fase, o grupo político liderado por ele está sob análise da PF. Foram alvos o irmão do parlamentar, Elmo Nascimento, que é prefeito de Campo Formoso; o primo Francisco Nascimento, ex-vereador que protagonizou episódio polêmico ao jogar dinheiro pela janela durante uma ação da PF no ano passado; e o ex-assessor Amaury Nascimento.
A atuação do grupo inclui, segundo a apuração, o uso de empresas de fachada e a manipulação de processos licitatórios. O município de Campo Formoso teria sido usado como base para centralizar os contratos fraudulentos. Uma das empresas citadas é a Alpha Pavimentações, apontada como uma das principais beneficiadas pelos acordos sob suspeita.
Esquema de fraudes teria desviado recursos de emendas parlamentares
De acordo com os investigadores, os contratos envolvem a execução simulada de obras e serviços públicos, com o objetivo de desviar recursos provenientes de emendas parlamentares. Os valores superfaturados retornariam aos envolvidos por meio de propinas e lavagem de dinheiro.
Apesar das suspeitas, todos os citados negam participação em irregularidades. As investigações continuam em curso e os documentos apreendidos serão analisados para avançar na responsabilização dos envolvidos.
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