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Pai de santo Diógenes fala sobre Candomblé, hierarquia e promoção humana

Em entrevista, líder religioso explica funcionamento da casa e destaca igualdade entre os integrantes

Por: Marcos Flávio Nascimento

28/10/202515:00

No programa Portal Esfera no Rádio, transmitido pela Itapoan FM (97,5) nesta terça-feira (28), apresentado por Luis Ganem, o Babalorixá Diógenes conversou sobre o funcionamento da sua casa de Candomblé, a importância da educação e do trabalho para os jovens da comunidade, e os desafios enfrentados por religiões de matriz africana no Brasil.

Foto Pai de santo Diógenes fala sobre Candomblé, hierarquia e promoção humana
Foto: Lorena Bomfim / Portal Esfera

Segundo Diógenes, a casa funciona como uma verdadeira escola de valores.

 “Não admito que os jovens não estudem ou não trabalhem. Para nós, a promoção humana está sempre à frente. A espiritualidade é importante, mas também cuidamos para que cada pessoa tenha responsabilidades, estude e seja de bem”, afirmou.

O líder religioso destacou ainda que o Candomblé oferece suporte a pessoas emocionalmente fragilizadas, cuidando da parte espiritual e incentivando o desenvolvimento pessoal. “Muitas pessoas chegam fracas de espírito. Aqui [na sua casa de candomblé] trabalhamos para que elas se fortaleçam, mas também incentivamos que busquem uma profissão e tenham autonomia”, explicou.

Diógenes também falou sobre a hierarquia da casa, lembrando que, embora existam cargos e funções específicas, todos os integrantes são tratados com igualdade. “Ninguém é mais ou menos por ser mais velho ou mais novo. Todos fazem tudo: lavam roupas, cozinham, participam dos trabalhos domésticos. O respeito e a igualdade são fundamentais”, afirmou.

Sobre o sincretismo religioso, Diógenes deixou clara sua posição contrária.

“Santa Bárbara é uma pessoa, Iansã é outra. Ogum é outro, Santo Antônio é outro. Não precisamos mais nos esconder atrás do sincretismo. Somos uma religião independente e nos mantemos assim”, disse.

O pai de santo também comentou sobre a maior visibilidade das religiões de matriz africana e o respaldo institucional disponível atualmente. “Hoje, se sofremos discriminação, podemos acionar a polícia ou outros órgãos. Antigamente isso não existia. Hoje estamos mais protegidos e mais respeitados”, concluiu.