Porto de Santos acelera embarques antes da tarifa
Proteínas sobem 96%, café e celulose também disparam
Por: Ana Beatriz Fernandez Martinez
20/07/2025 • 18:05
Em julho de 2025, o Porto de Santos, maior terminal da América Latina, registrou um movimento inédito de exportações motivado pela iminência das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a partir de 1º de agosto. Nos primeiros quinze dias do mês, o embarque de proteínas animais, incluindo carne bovina, suína, de frango e miúdos, cresceu expressivos 96% em contêineres. O café, item tradicional no comércio com os EUA, teve alta de 17% no mesmo período, enquanto foram enviadas 50 mil toneladas de celulose, volume superior ao usual. Consequentemente, o tráfego de caminhões no entorno do porto aumentou 70%, refletindo a pressão por acelerar os embarques antes da nova tarifa entrar em vigor.
A decisão americana, anunciada em 9 de julho, visa taxar produtos brasileiros com o objetivo de conter o déficit comercial e teria impactos imediatos sobre as exportações brasileiras. Como os Estados Unidos são o segundo maior destino de mercadorias brasileiras, atrás apenas da China, e o Porto de Santos lidera aproximadamente 30% da balança comercial nacional, o aumento de embarques aponta para uma corrida estratégica de empresas que buscam enviar produtos antes da aplicação da alíquota elevada.
A Autoridade Portuária de Santos e especialistas do setor veem esse movimento como um indicativo da urgência enfrentada pelos exportadores para manterem seus negócios competitivos. Em entrevista, Anderson Pomini, presidente da APS, afirmou que o surge de volume representa “um termômetro dos possíveis impactos”, reforçando a necessidade de os agentes logísticos e governamentais repensarem suas estratégias. Há ainda planos robustos para ampliar a infraestrutura portuária, com investimentos estimados em cerca de R$ 12,5 bilhões em acessos, dragagens e a construção do túnel Santos‑Guarujá, para aumentar a capacidade de operação frente ao incremento da demanda.
Em resumo, o aumento expressivo nos embarques de proteínas, café e celulose reflete uma manobra do mercado brasileiro para mitigar os efeitos das tarifas impostas pelos EUA. A antecipação dos envios e o recorde nas operações logísticas indicam que o comércio exterior brasileiro está se ajustando rapidamente a mudanças de grande impacto geopolítico e econômico.
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