O pastor Silas Malafaia manifestou publicamente discordância da decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de indicar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como pré-candidato da direita à Presidência da República em 2026. Aliado histórico do bolsonarismo, o líder religioso afirmou que não “engoliu” a escolha e avaliou que o momento não é adequado para a definição do nome.

Segundo Malafaia, Bolsonaro estaria emocionalmente fragilizado, o que, em sua avaliação, comprometeria a condução estratégica do grupo político. Para ele, a construção de uma candidatura presidencial deve ser fruto de um processo mais amplo e não de uma decisão isolada.

“Não é assim que funciona. Uma candidatura se constrói”, afirmou ao comentar o episódio.

O pastor também relatou que, em conversa reservada, Flávio Bolsonaro teria recuado da disputa presidencial, o que, para Malafaia, não encerra o debate dentro do campo da direita. Ele destacou que decisões desse porte precisam considerar o contexto político e o conjunto de lideranças envolvidas.

Analistas políticos avaliam que o anúncio da pré-candidatura de Flávio pode ter caráter estratégico. Um dos indícios apontados é o anúncio feito por Carlos Bolsonaro (PL), irmão de Flávio, de que pretende disputar uma vaga ao Senado por Santa Catarina.

Pesquisas recentes indicam que a família Bolsonaro tem chances competitivas para uma das duas vagas ao Senado pelo Rio de Janeiro. Nesse cenário, segundo analistas, faria mais sentido Carlos concorrer no próprio estado, e não em Santa Catarina, onde há resistência interna no PL à chamada “candidatura forasteira”. Carlos, inclusive, deixou recentemente o cargo de vereador no Rio de Janeiro.

O anúncio de sua pré-candidatura em Santa Catarina também provocou impactos no cenário local. A deputada federal Caroline de Toni, que tinha planos de disputar o Senado pelo estado, deixou o PL e se filiou ao Novo após a sinalização de entrada de Carlos Bolsonaro na corrida eleitoral.

A pré-candidatura de Flávio Bolsonaro ao Palácio do Planalto foi anunciada em meio a tensões internas na família, especialmente após divergências envolvendo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). Ela ganhou protagonismo político após romper uma aliança do partido com Ciro Gomes (PSDB) no Ceará, ao fazer críticas públicas ao tucano durante um evento, episódio que acentuou os atritos no grupo bolsonarista.