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Especialista alerta: feminicídios viram ‘epidemia’ e exigem reação urgente

Renata Deiró explica dinâmica da violência doméstica e reforça que qualquer sinal deve ser denunciado

Por: Domynique Fonseca

12/12/202512:58Atualizado

A advogada Renata Deiró, especialista em Direito da Família e violência doméstica e familiar (@renatadeiro), foi a entrevistada desta sexta-feira (12) no programa Portal Esfera no Rádio, da Itapoan FM (97,5), apresentado por Luis Ganem. Durante a conversa, ela fez um alerta contundente sobre o crescimento dos casos de feminicídio no país e na Bahia, classificando o cenário como uma “epidemia de violência contra a mulher”.

Foto Especialista alerta: feminicídios viram ‘epidemia’ e exigem reação urgente
Foto: Lorena Bomfim/ Portal Esfera

Segundo Renata, a sensação de aumento nos casos não é apenas impressão, trata-se de um agravamento real, refletido nos episódios recentes de brutalidade que ganharam repercussão nacional. Ela explicou que a violência doméstica costuma seguir um ciclo que, quando não interrompido, pode evoluir para agressões graves e, em muitos casos, para o feminicídio.

“A violência é cíclica. Começa na fase da ‘lua de mel’, quando o agressor pede desculpas, minimiza o que fez e convence a vítima de que não vai acontecer de novo. Depois, avançam as agressões psicológicas e morais, e, quando percebemos, já estamos diante de violência física cada vez mais intensa”, afirmou.

A advogada reforçou que sinais considerados “menores” não podem ser ignorados.

“Acessar o celular da mulher sem consentimento é violência. Impedir que ela use seu próprio dinheiro é violência patrimonial. Muitas não conseguem identificar que estão num relacionamento abusivo”, destacou.

Durante o programa, Renata também comentou sobre dinâmicas de provocação. Segundo ela, embora agressões possam ocorrer de forma mútua, não existe qualquer justificativa para que um homem reaja com violência física à parceira.

“Se a situação está gerando conflito, se afaste. A reação masculina, por questões físicas e estruturais, tende a ser desproporcional e pode culminar em tragédias”, explicou.

A especialista lembrou ainda que o machismo atinge também os homens, contribuindo para adoecimento emocional, depressão e comportamentos violentos, especialmente quando expectativas sociais de provedor e dominância não são atendidas.

Renata ressaltou a importância de identificar sinais precocemente. “Relacionamento abusivo não se limita à agressão física. Começa no controle, no desprezo, no ciúme normalizado, no xingamento que diminui a existência do outro. Quando a mulher percebe, já está emocionalmente fragilizada e cercada”.

Ela reforçou que qualquer sinal de violência deve ser denunciado. “Os casos recentes mostram que o tempo é decisivo. Identificar, pedir ajuda e interromper o ciclo salva vida.