Mulheres negras seguem como principais vítimas de feminicídio, diz especialista
Advogada destaca impacto do machismo, racismo e falhas do Estado na proteção às mulheres
Por: Domynique Fonseca
12/12/2025 • 15:30
A escalada recente dos casos de feminicídio no Brasil serviu como ponto central da entrevista concedida pela advogada Renata Deiró, especialista em Direito da Família e em violência doméstica e familiar, ao Portal Esfera no Rádio nesta sexta-feira (12). Em conversa com o apresentador Luis Ganem, na Itapoan FM (97,5), ela detalhou como o machismo estrutural e o racismo seguem alimentando a violência contra mulheres, especialmente as negras, e fragilizando o sistema de proteção.
Renata lembrou que, embora as mulheres sejam “minorias políticas”, elas representam a maioria da população, e, por isso, precisam de políticas e mecanismos específicos de proteção.
“A gente precisa tutelar o que precisa ser protegido. São as crianças, as mulheres, os idosos, as pessoas com deficiência. E é por isso que existe a Lei Maria da Penha. Se não fosse ela, a situação seria muito pior. A gente está morrendo como mosca”, afirmou.
A advogada destacou ainda que a violência doméstica e o feminicídio não podem ser analisados sem considerar fatores estruturais, como machismo e racismo, que moldam relações sociais e também o funcionamento do Estado. Segundo ela, essa estrutura influencia diretamente a forma como as mulheres são atendidas em serviços públicos.
“O Estado nega direitos a mulheres negras todos os dias. Quando a mulher branca chega na delegacia, é tratada de um jeito; quando a mulher negra chega, é de outro. Isso se repete no hospital, na rede de proteção, em todos os espaços”, explicou.
Renata citou estudos que confirmam que mulheres negras são as principais vítimas de feminicídio no país, resultado da combinação entre vulnerabilidade socioeconômica, desigualdade racial e ausência de respostas proporcionais do sistema de justiça.
“Não dá para falar sobre feminismo sem falar de feminismo negro”, enfatizou.
A especialista reforçou a importância de educar meninas para não aceitarem nenhum tipo de violência, e meninos para não praticarem agressões.
“Estamos criando nossas filhas para não tolerarem abuso. Mas é preciso criar nossos filhos para não agredirem”, concluiu.
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