Cuidar da saúde mental é tão essencial quanto manter o corpo saudável, principalmente na terceira idade. Esquecimentos frequentes, alterações de comportamento e dificuldades em tarefas rotineiras podem ser os primeiros indícios de doenças neurológicas como o Alzheimer. E esses sinais, muitas vezes, se manifestam de forma sutil — como durante o banho.

Pequenos esquecimentos que merecem atenção

Tomar banho costuma ser uma atividade automática: molhar o corpo, lavar os cabelos, aplicar sabonete e enxaguar. No entanto, quando a pessoa começa a se atrapalhar nessa ordem ou a esquecer etapas importantes com frequência, é necessário ligar o sinal de alerta.

“Esquecer de lavar o cabelo ou de passar sabonete pode parecer algo simples, mas quando esses episódios se tornam constantes, especialmente em idosos, podem indicar um comprometimento cognitivo leve ou o início de um quadro de demência”, explica a neurologista e geriatra Carla Nunes.

O papel de quem convive de perto

Na maioria das vezes, são os familiares, cuidadores ou amigos próximos que percebem essas mudanças. Eles observam quando um comportamento que era ocasional passa a se repetir com frequência.

Por isso, a participação da rede de apoio é fundamental para identificar sinais precoces e buscar ajuda médica o quanto antes. O diagnóstico precoce pode ajudar a preservar a autonomia do idoso e melhorar sua qualidade de vida.

Quando o esquecimento deixa de ser normal

É comum esquecer pequenas coisas em momentos de estresse ou cansaço. No entanto, quando esses lapsos se tornam frequentes e impactam tarefas simples, como o banho, é hora de procurar orientação médica.

O primeiro passo pode ser uma consulta com um clínico geral, que fará uma avaliação inicial e poderá encaminhar o paciente para um neurologista ou geriatra.

Outros sinais iniciais de Alzheimer

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva e costuma começar de forma discreta. Especialistas alertam para outros sinais iniciais que merecem atenção:

• Esquecer compromissos ou objetos com frequência.

• Ter dificuldades em tarefas do dia a dia, mesmo em ambientes conhecidos.

• Confundir horários, datas ou perder a noção do tempo.

• Apresentar mudanças bruscas de humor ou comportamentos desconfiados sem razão.

• Isolamento social ou conflitos com pessoas próximas sem motivo claro.

A presença recorrente de dois ou mais desses sintomas pode indicar que algo mais sério está acontecendo. E quanto mais cedo a doença for diagnosticada, maiores as chances de controlar sua progressão.

Hábitos que ajudam a proteger o cérebro

Além do acompanhamento médico, é possível adotar hábitos que ajudam a manter a saúde cerebral:

• Praticar atividades físicas regularmente.

• Estimular o cérebro com leitura, aprendizado e jogos.

• Ter uma boa qualidade de sono.

• Evitar o consumo excessivo de álcool e não fumar.

• Manter uma vida social ativa, com vínculos familiares e amizades.

“Esses hábitos ajudam a preservar as funções cognitivas e podem retardar o avanço de doenças como o Alzheimer”, ressalta a médica.

Estilo de vida é aliado da prevenção

A saúde do cérebro está diretamente ligada ao estilo de vida adotado ao longo da vida. Manter uma alimentação balanceada, rica em ômega-3, frutas, vegetais e grãos integrais, também contribui para a proteção neuronal.

Controlar a pressão arterial, o colesterol e manter o coração saudável são atitudes que impactam positivamente o cérebro, principalmente no envelhecimento.

Atenção aos detalhes do cotidiano

Notar mudanças em atividades simples — como o banho — pode ser mais importante do que parece. Atuar nos primeiros sinais é o melhor caminho para garantir um envelhecimento mais saudável, com mais independência e qualidade de vida.